Alcochete, a 3ª Ponte e o TGV:
que desatino!
É triste ver e ouvir ideias tão bizarras sobre o futuro Aeroporto, a 3ª Ponte e o TGV.
Tudo visto e ouvido da boca de pessoas da nossa terra, que, por favor, deveriam tentar de vez em quando parar para pensar e depois falar, ou então calar.
Tudo numa corrida frenética de homens e mulheres de microfone em punho, frente às câmaras, a sacarem opiniões ao reformado no banco de jardim, ao comensal a comer e a beber à mesa da casa de pasto, ao dono do café encostado ao balcão do estabelecimento e à angariadora imobiliária a sonhar com preços a subir em espiral.
Uma desgarrada mesmo de disparates, numa luta desenfreada pelo Globo de Ouro da Parvoíce mais desmiolada.
Outro sublinha que agora é que vai ser bom, pois as casas e os terrenos vão valorizar e muito. Vai ser óptimo para a nossa terra, isso é que vai ser valorização.
Mais além outro que afirma que o TGV a passar por aqui é que vai ser do melhorio, pois com ele vai vir mais progresso e desenvolvimento para esta terra. Com o TGV, o progresso vai chegar de comboio e a altíssima velocidade.
Há outro que já procura anúncios de novos empregos nos Classificados, que agora é que vão chover novos postos de trabalho e aos milhares, vai ser um fartote.
Outro também que acrescenta, e outro que argumenta, e mais um que remata e outro que diz com toda a lata: viva a nova ponte, mai’lo TGV e os aviões, isto vai virar terra de milhões! Viva a gente mais o nosso Primeiro, que é o gajo mais porreiro!
Será mesmo isso tudo, será isso mesmo assim?
Será forçoso concordar?
E será sacrilégio duvidar?
Tem para cima de 40 anos de contribuição para a desfiguração mais desgraçada do território nacional ao sabor da mais desenfreada especulação fundiária e do surgimento das mais fabulosas fortunas.
Uma decisão política, mais um carimbo e uma assinatura no sítio certo, fazem o terreno A valer milhões na manhã seguinte, quando de véspera valia tostões.
Portugal não tem petróleo, nem ouro nem diamantes.
Os países que têm dessas riquezas vendem-nas em geral para o exterior, quem as paga são por via de regra os estrangeiros.
Em Portugal uma das riquezas maiores é o solo, e mormente o Solo Rural antes de descoberto, quanto mais
Qual diamante.
E a quem sai esse diamante em rifa?
E quem tem depois de o pagar ao longo da vida chorudamente?
Simplesmente, a sua hiper valorização sai no sapatinho por decisão político-administrativa a A, por conhecidas ou imaginadas artes e manhas e mais pózinhos de Prlim Pim Pim, mas a factura é paga por B e C e D etc e tal.
E quem são esses B e C e D etc e tal que a pagam com língua de palmo?
São os Portugueses que compram casa para habitar e pagam um subtotal entre
E pagam só esse dito subtotal assim?
Não.
Pagam em cima desse valor outro valor de mais 1.000, ou 1.500 ou 2.000 e upa upa mais Euros acrescidos e dissimulados com essa parcela inicial pelo valor da carimbadela e da assinatura na metamorfose inicial dos terrenos.
Que antes eram Solo Rural.
E que depois viraram novo Solo Urbano, com muita REN e RAN perdidas milagrosamente pelo caminho.
É que, no caso vertente e graças a uma decisão com mais de 100 anos, o Campo de Tiro esse está defendido da especulação fundiária, mas o vasto território ao redor pode ficar ou já está mesmo completamente a saque. Pergunte-se por exemplo quem anda desenfreadamente às compras milionárias no Poceirão, ou indague-se quem o fez por antecipação na Ota, e compreenda-se como se processam estas coisas, caso ainda não se saiba.
Acontece que em 2007, foi superiormente anunciado que o Governo procederia em 2008 à revisão da Lei dos Solos.
Não o fez ainda, mas já vai avançando com a decisão preliminar de uma das maiores transformações de solo por atacado de uma geração.
È importante que o promova pois agora rapidamente e bem, com as medidas cautelares e mais urgentes a imporem-se para ontem já.
Será?
A ver vamos, como o previmos na Moita em Maio de 2007.
Ok, mas pode bem morrer entretanto de fome ou ver o Fisco vir-lhe hipotecar a casa as botas quem contar com um emprego à pala do Aeroporto novo para amanhã de manhã.
Numa hipótese boa, as obras podem arrancar em 2012. Quem cá estiver, verá se puder.
Não há linha de raciocínio mais triste que aquela que pretende que com um projecto nacional se procurará privilegiar mais uma região do que outra. É um despique tolo, que só deita cá para fora tolices e alarvidades bairristas. O que interessa a um país não pode ser decidido em função “apenas” dos interesses de uma região. Eles podem ser ponderados, como o das outras regiões limítrofes também, mas tudo visto e ponderado, o que interessa é a vantagem do todo colectivo. Ou pelo menos devia ser.
Cuidado não sejam os mais alegres e contentes atropelados por esse dito comboio, não vá ele com tanta pressa fazer-lhes derrubar a casa ou passar-lhes a
Não.
Não temos que chorar, mas também não é preciso correr já pelos foguetes.
É melhor esperar antes de os comprar.
Outras vezes não, ou nem tanto.
São quase todos extraordinários e admiráveis, até ao dia em que se revelem aos olhos da maioria como execráveis.
É assim a modos como a justiça.
Hoje é a mais justa, e todos dizem à boca cheia que nela confiam.
Mas olhando para trás, para a história da humanidade, feririam o coração das pedras (se elas o tivessem) os atropelos e as mais gritantes injustiças sempre perpetradas à pala da justiça de cada momento.
Foi isso o que disse?
Não todos.
Mas vistos à lupa, quase todos, eu diria.
E à distância, como uma mancha nebulosa, a grande maioria.
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