Escreve-se algures um belo engano
a propósito da decisão preliminar de construção do novo Aeroporto de Lisboa nos terrenos do Campo de Tiro de Alcochete, e de outras Pontes e TGV’s:
…
A coberto da construção do novo aeroporto não se pode permitir uma linha de especulação financeira e violação das regras de gestão e de ordenamento do território. Pelo contrário, a construção desta nova infra-estrutura deve obedecer a um rigoroso planeamento, execução e fiscalização da obra, salvaguardando as competências e atribuições dos órgãos do Poder Local democrático, bem como o envolvimento e participação das populações, dos trabalhadores e do conjunto das entidades públicas intervenientes nesta matéria. Este rigoroso envolvimento de todos os intervenientes é garantia de uma correcta inserção do aeroporto e das actividades conexas no todo nacional e regional e da qualidade de vida das populações.
…
In
Será?
Será mesmo uma garantia garantida assim do tipo afiançado bem à maneira e de papel passado, mais o conveniente e necessário reconhecimento notarial e tudo tudinho afinal?
Ou será uma garantia assim meio rachada, pouco ou nada certificada?
Ora, a vida tem demonstrado, infelizmente, que esse envolvimento tem muito mais que se lhe diga.
Preste-se bem atenção e olhe-se em todas as direcções à nossa volta.
Assim, recorrentemente:
- As consultas aos Cidadãos são quase sempre do tipo faz de conta, género de simulacro a fingir de democracia;
- Quando os contributos a sério e sobre matéria de fundo apesar de tudo surgem, são quase sempre desconsiderados e depressa deitados ao vento;
- Os Eleitos e os Altos Funcionários da Administração (aqueles que têm poder, que governam efectivamente) são quase sempre pessoas de práticas admiráveis, até ao dia em que se constata terem sido de facto tais práticas governativas absolutamente execráveis;
- Alguns outros de entre eles não são corresponsáveis nas escolhas e na definição das políticas que têm posto o nosso País de rastos e a muitas milhas de uma terra de progresso e de vida melhor, mas mesmo assim são quase sempre gente que dorme em serviço, não estuda os ‘dossiers’ e vota de cruz a aprovação das piores práticas de governação na nossa terra;
- Muitos desses protagonistas (*) do poder democrático (que em si é mil vezes mil vezes melhor do que qualquer outro onde a liberdade não exista) são agentes de um poder democrático efectivamente regido por poderes que não são democráticos.
Logo, ligar como causa necessária e efeito obrigatório esses benditos envolvimento e participação referidos no Comunicado só poderia resultar de inocência desconhecedora, se ela existisse a certos níveis, ou de um complicado encapotamento da realidade nua e crua que tantos de nós conhecemos e sofremos aqui na Moita e em geral no País, nesta nossa geração.
(*) Há excepções, evidentemente.
É a cada caso, a cada pessoa, a cada Eleito e a cada Funcionário que se deve olhar de frente e perguntar:
“Quem serve? Quem representa? De que lado está? O que fez e o que faz?”
Devendo cuidar-se muito pouco ou mesmo nada da cor da respectiva camisola ou do título ou função que traga pomposamente no cartão.
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