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The Portuguese skipper Genuino Madruga sails in route to the Pacific Ocean under Cape Horn, alone around the world for the second time
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No Açoriano Oriental online:
Regional | 2008-01-20 11:53
“O barco está-se a aguentar bem, mas apanhei pancadaria como nunca passei na vida”, explica o skipper de 57 anos, natural do Pico.
Genuíno Madruga, que está a realizar a segunda volta ao Mundo no seu barco à vela, poderá dobrar hoje o mítico Cabo Horn, o extremo meridional da América do Sul, que é considerado o ponto mais difícil no trajecto do velejador açoriano.
O Cabo Horn divide o Oceano Pacífico e Atlântico, sendo uma zona de navegação particularmente severa, com ventos fortes e temperaturas bastante reduzidas. O skipper açoriano atravessa o Cabo Horn no sentido inverso da navegação mundial, ou seja, de Leste para Oeste, aumentando os riscos devido à forte ondulação.
Perto dessa zona, Genuíno Madruga já está a sentir dificuldades e os efeitos da tormenta marítima, tendo afirmado ao Açoriano Oriental que “a travessia do Cabo Horn é muito complicada e poderá acontecer amanhã (hoje), ou ser adiada por dois ou três dias”. O navegador assume que a travessia do Cabo Horn “é a fase mais complicada da viagem”, porque enfrenta um estado do mar agressivo, com fortes ventos e baixas temperaturas.
“Não está a ser nenhuma brincadeira”, conta o skipper que se alimenta com dificuldade, através de bolachas e chocolates, porque não existem condições para elaborar as refeições.
“O barco está-se a aguentar bem, mas apanhei pancadaria como nunca passei na vida”, explica o skipper de 57 anos, natural do Pico.
Genuíno Madruga deseja “passar por esta zona o mais rápido possível”. Está a realizar uma navegação costeira, em que as horas de descanso são reduzidas, devido ao risco de embate na costa.
“A navegação junto à costa é bastante perigosa e não posso dormir durante a noite, porque é preciso estar muito atento”, acrescenta o velejador.
Os receios de acontecer um acidente são reais e justificam um esforço físico levado ao máximo, com uma grande privação de sono, já que “podem acontecer alguns imprevistos durante esta fase da viagem”.
O nível de segurança é, portanto, máximo nesta altura da viagem, com Genuíno Madruga preparado para comunicar às autoridades marítimas internacionais, via telefone satélite, caso ocorra algum imprevisto e tenha necessidade de solicitar o apoio da guarda-costeira chilena ou de outro país sul-americano.
“Julgo que não será necessário solicitar apoio internacional, mas se acontecer tenho os meios necessários. A experiência dos anos em que ando no mar será fundamental para conseguir ultrapassar esta dificuldade e concluir a viagem”, assume o “lobo do mar”, como é conhecido nos Açores.
Após a passagem pelo Chile, Genuíno Madruga pretende seguir o trajecto da Polinésia Francesa, Fiji, Samoa, Ilhas Salomão, Marquesas, Austrália, Maurícias, Reunião, Madagáscar, Cabo da Boa Esperança (África do Sul) e Ilha de Santa Helena, onde morreu Napoleão. Segue-se o caminho de regresso ao porto de partida, no Pico, com chegada prevista para Maio de 2009.
A segunda volta ao Mundo do skipper-pescador começou a 25 de Agosto passado. Ao longo da sua odisseia, o velejador picoense viajou em direcção a Cabo Verde, Brasil, Uruguai e Argentina, onde foi recebido de forma calorosa nos portos onde atracou e aproveitou para distribuir diverso material promocional dos Açores.
Na embarcação “Hemingway” transportou 200 quilos em livros e mantimento para seis meses sem vir a terra.
Luis Pedro Silva
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