sábado, 19 de julho de 2008

O Partido Comunista na Moita está todo roto


Há cerca e um ano, surgiu no Blog Alhos Vedros ao Poder (de quem, com a devida vénia, retomamos esta republicação hoje aqui) um artigo de opinião sobre uma das causas do atoleiro em que esbraceja o poder político instalado à testa da Câmara Municipal da Moita.

É com desagrado e tristeza que constatamos a actualidade daquele Artigo, nestes dias conturbados de Julho de 2008, na Moita. Por isso o republicamos, para que o releia quem dele se esqueceu, e para que o conheça quem antes nunca o leu.

Quarta-feira, Agosto 29, 2007

O Partido Comunista na Moita está todo roto

Ninguém reconhece o PCP na Moita.
É um farrapo, sem igual nem a nível histórico nem nacional

Um Partido todo roto a nível local
O Partido Comunista na Moita está todo roto.
Não acerta uma.
Só ofende, renega e atraiçoa o nome e o prestígio do Partido Comunista Português a nível nacional, que gerações e gerações de portugueses interiorizaram de modo respeitoso ao longo dos últimos 87 anos.

Havia uma certa ideia do Partido Comunista
Quer gostassem muito, pouco ou nada do PCP, a ideia que perpassou ao longo de muitos anos junto de uma grande parte da população portuguesa foi a de um PCP com norte, com ética, com rumo e com uma política previsível, com uma orientação de classe e com um sentido claro.
Pela liberdade.
Pela lei, em democracia.
Pela ética.
Contra a corrupção e a escuridão no funcionamento dos diversos órgãos do aparelho de estado e da administração pública.
Pelos mais fracos.
Pelos deserdados.
Pelos trabalhadores e pelos pequenos agricultores e outros portugueses das classes mais desfavorecidas e das classes médias.
Em defesa daqueles que sozinhos não conseguem fazer ouvir a sua voz, mas que juntos e organizados podem aspirar e lutar por uma vida melhor.
Em defesa dos interesses das nossas terras e do nosso País.

Na Moita, o PCP local é o reverso exacto do PCP ao nível nacional
Na Moita, é tudo ao contrário.
O PCP na Moita é o reverso disso tudo.
Aqui, o PCP é altamente previsível, mas ao inverso de tudo o que sempre a nível nacional e historicamente demonstrou.
Na Moita, o PCP é uma desgraça.
Irreconhecível.

A culpa tem um dono, tem um nome: o PCP
E o PCP só se pode queixar de si próprio e da miserável representação partidária própria (dentro do PCP), e dos eleitos em nome do PCP (nomeadamente no governo local, na Câmara Municipal) que aqui malbaratam todos os dias o seu nome.
Não se pode queixar nem da oposição, nem dos Cidadãos, nem de quem o contesta na Moita.
Na verdade, esta terra e estas gentes têm sido muito generosas para com o PCP, centrando praticamente toda a gente e todas as forças políticas as suas críticas ao PCP local num só ponto:

  • O PCP deve actuar como tal, como Partido Comunista, e deixar de renegar as suas políticas. Se o fizer, tudo fica mais claro.

Na verdade, quase todos são unânimes nessa exigência, e nestoutra acusação frontal ao PCP:

  • O PCP na Moita age como um Partido desnorteado, faz tudo ao contrário, alia-se do lado errado, combate contra o lado errado, defende o lado errado, comporta-se do modo errado, invoca princípios que nunca foram seus, enfim, é aqui na Moita o PCP um Partido à deriva, sem rumo, sem princípios e por isso de todo e de todos irreconhecível.

Só o PCP, alcandorado e acossado no último reduto do mau governo local, parece nada entender de toda esta situação
E nesta reclamação (“PCP, seja democrata, seja comunista, seja igual a si próprio”), e nesta denúncia (“PCP, cesse de actuar como nunca o fez em Portugal, assim não é estimado por quem de si gostava, nem é respeitado por quem a si se opunha”), todos são unânimes, uns porventura mais sinceros que outros, mas todos falam quase a uma só voz.
Desde o PSD ao PS, passando pelo BE, como igualmente pelos Partidos sem representação no Executivo Municipal como o MPT, o CDS-PP e o PCTP-MRPP, e não só, sem aqui se esquecerem os Cidadãos e os movimentos cívicos e os Blogues activos na defesa cívica desta terra e destas gentes, todos são unânimes na denúncia deste Partido aqui localmente tão desfigurado.
Irreconhecível.
Só o PCP não entende.

Miséria das misérias, do lado do PCP é só desgraça.

Os 18 erros maiores do PCP na Moita (lista não exaustiva)

Muitos mais vícios haverá, esta reflexão não pretende ser um tratado de ciência, mas eis mesmo assim alguns dos maiores erros do PCP na Moita:

  1. Aliou-se do lado errado. É clássico o PCP ser aliado dos trabalhadores e das populações, dos democratas e dos que defendem os interesses das suas localidades. Na Moita, é ao contrário. O PCP aliou-se nomeadamente na última década às grandes fortunas, aos maiores especuladores fundiários, aos grandes apostadores na roleta da transformação dos Solos rurais em REN e RAN para novos Solos Urbanizáveis sem REN e sem RAN, desde que comprados de véspera por 4 ou 5 grandes Empresas. A tostão, para rentabilizarem da noite para o dia a milhão. Com o beneplácito do PCP na Moita, e o carimbo e assinatura da Câmara Municipal “in situ”.
  2. Rodeou-se dos quadros técnicos errados. Advogados externos de causas sinistras foram chamados ao coração do poder na Câmara para advogarem matérias escaldantíssimas por dentro (em nome do Município) e por fora (como patronos dos grandes Clientes com a barriga encostada ao balcão da Câmara). Arquitectos externos a jogarem a 2 carrinhos, na Revisão do PDM e no trabalhinho depois a preceito junto dos ditos grandes Clientes com a barriga encostada ao balcão da Câmara. E mais e mais e mais haverá para contar, conforme a seu tempo se há-de averiguar.
  3. Entendeu as leis da forma errada. Julgou que era possível violentar sucessivas Leis da República, fugir ao seu cumprimento, entortá-las a belo prazer, e interpretá-las “stricto sensu” sempre contra a visão mais democrática, contra o sentido da participação e do controlo popular e legalmente previsto da vida e do funcionamento das instituições em democracia. E julgou ainda mais erradamente porque em certos momentos se inebriou com o apoio fácil e ilusório de altos funcionários do aparelho de estado central e regional.
  4. Projectou um desenvolvimento do modo errado. Apostou no crescimento desenfreado das áreas urbanizadas com mais e mais betão para mais e mais Fogos para Famílias inexistentes e para mais e mais Parques de Empresas para um tecido empresarial imaginário. Com hipoteca de tudo o que fosse solo rural e reservas ecológica ou agrícola existentes. E com esquecimento total da recuperação urbana das localidades envelhecidas, desertificadas e abandonadas do Município.
  5. Ligou-se emocional e interesseiramente ao lado errado da sociedade local. Na hora de procurar saber de que lado bateria o seu coração, o PCP local enleou-se com os poderosos e esqueceu os fracos, os Munícipes sem poder de “lobby” nem riqueza ou capacidade de pagar políticas. E fê-lo ao arrepio completo de toda a sua tradição de muitas décadas. Trocou na Moita a sua alma, e o preço (Já saldado? A pagar futuramente?) é miserável.
  6. Encarou erradamente as grandes questões do Solo, das áreas protegidas e do interesse futuro do Município. E fê-lo na Moita ao contrário de todo o pensamento mais responsável e patriótico, de sectores transversais a toda a sociedade portuguesa, inclusive claro do PCP a nível nacional, conforme na Moita em Maio de 2007 claramente se demonstrou.
  7. Colocou-se totalmente a reboque do governo local. O que seria mau se tivéssemos aqui agora um bom governo, mas se revelou catastrófico porque pior governo local do que na Moita em Portugal não há. E não podia. O PCP sempre fez gala de se apresentar como um Partido de vanguarda, e não como um atrelado de reboque. E muito menos ainda como um partido agachado e de rastos a correr atrás de um mau governo local que, mau grado o emblema do PCP na lapela dos seus dirigentes, só faz porcaria e só desrespeita as leis na Moita. Irreconhecível.
  8. Definhou e agonizou como organização activa e de luta. Como Partido organizado e actuante, não existe. As suas arruadas na Moita levam 5 a 6 pessoas, e praticamente todas funcionários ou dirigentes municipais. Como Partido de discussão interna e debate das grandes questões locais, já era. Como força autónoma, não há. Tirando os louros e as bandeirolas nacionais e históricas, que muitos ainda seguem sem fazer grandes perguntas, o futuro “deste” PCP na Moita é muito incerto. Pudera. As novas gerações que o digam.
  9. A 1ª linha escondeu-se. E o PCP deixou a sua defesa entregue a uma 2ª linha de gente que diz “que sim, que sim, que sim” e a uma 3ª linha do mais reles e miserável que a marginalidade e os bordéis da política partidarizada podem oferecer. Com efeito, dirigentes a falar ou a escrever algo de válido, porventura pacífico ou contestável, mas decente e apresentável, não há. A darem a cara em defesa das políticas ou da ausência delas, localmente, zero. A debaterem os grandes temas concelhios, nem pensar. Restam algumas segundas linhas da estirpe ”Yes Sir, Yes Man”, e uma camada de 3ªs linhas (ou serão os próprios dirigentes, agindo encarapuçados e de modo disfarçado) que vêm a terreiro com a linguagem mais desbragada, mais reaccionária e mais torpe dos piores momentos das lutas de ratos em ambiente de sarjeta nacional. De fazer corar os mais porcos defensores da Legião Portuguesa, na sua luta de então contra os comunistas e os democratas.
  10. Malbaratou erradamente amizades e solidariedades passadas. Na Moita, o PCP hipotecou amizades passadas. Presidentes de Câmara eleitos em Listas do PCP após o 25 de Abril são já vários os que não se revêem neste PCP local. Muitos outros comunistas têm dó deste PCP aqui, agora. Democratas que passaram uma vida ora convergindo, ora divergindo do PCP, mas sempre o respeitando, têm hoje medo do PCP. Têm medo que, se disserem “99,99% que sim” ao PCP, por sinceramente assim o entenderem, mas caso sintam necessidade de acrescentar “0,01% que não”, possam ser corridos com epítetos de renegados, de traidores, de cínicos, de anti-democratas, de ladrões, de homossexuais e outros que tais.
  11. Não soube fazer alianças políticas locais. Localmente, o PCP teve o mérito de unir toda a oposição, PS, PSD e CDS-PP, BE, e outros Partidos contra si. Não cuidou de procurar nem pontes nem entendimentos. Por ter maioria na Câmara, desprezou unidades e alianças, e ficou exactamente como critica outros de estar: só, sozinho, sem ninguém.
  12. Desligou-se erradamente do contacto com as populações. Não há reuniões nem do PCP nem da Câmara de modo descentralizado, e quando as há (da Câmara) é para cumprir calendário. À mínima voz divergente, sobressai o autoritarismo mais vil e contrário à tradição do PCP. Ora porque as pessoas são muitas, e os dirigentes só falam com grupos a retalho. Ora porque as pessoas colocam questões incómodas. Ora porque previsivelmente poderão falar com descontentamento de questões que o poder já está farto de ouvir. Tudo são motivos para fazer imperar o autoritarismo de um poder ilusório e para se aprofundar o fosso do divórcio entre o PCP e os eleitos locais do PCP, de um lado, e os Munícipes, do outro.
  13. Avaliou erradamente a reacção popular. O PCP contava que as pessoas assistissem desinteressadamente e de costas voltadas à sua errada política e ao desgraçado governo local. Apregoa e defende o contrário, mas sabe-lhe bem localmente que o povo seja apático e desinteressado. Que possa discordar, mas que não o faça para além das 4 paredes de uma taberna, ou muito para lá dos momentos das febras, com pão, toiros e vinho em momento de festa. Enganou-se. Saiu-lhe na rifa um descontentamento e uma resistência de cidadãos a sério. E não gostou mesmo nada.
  14. Perdeu erradamente a iniciativa política. Há 3 anos que a iniciativa política escapou completamente à Câmara e aos eleitos PCP, sendo que nesse Partido há anos que não se nota nem se passa nada localmente. Tudo o que há de novo e interessante ou polémico surge da resistência dos Cidadãos, dos Blogues, dos opinadores e das notícias objectivas na comunicação social local, bem como dos restantes Partidos. Do PCP, zero.
  15. Silenciou-se erradamente nos debates fundamentais. Corolário disso, impera do lado do PCP o silêncio total sobre as questões fundamentais. Sobre o que é importante. Instado reiteradamente a descer a terreiro e a aceitar debater em democracia o que realmente interessa ao Município e aos Munícipes, como responde o PCP local? O que diz? Nada. Zero. Silêncio amedrontado total.
  16. Contra-atacou erradamente contra pessoas e não por causas nem projectos. Bem, silêncio total, talvez não. Simplesmente, sobre factos, políticas, projectos, causas, é o silêncio dos sepulcros. Mas a algazarra no ataque sujo e calunioso aos mensageiros, essa é total. Ao ponto de muitos se interrogarem como seria num outro estado de coisas e numa outra relação de poderes, se estes políticos menores tivessem um poder maior? Como seria? O que seriam capazes de fazer, de mandar, que desmandos ousariam cometer se tivessem o poder das polícias e dos tribunais sob o seu controlo? As pessoas aqui têm medo, só de pensar.
  17. Geriu erradamente as relações com a comunicação social. É um facto que, lendo com atenção a comunicação social local e regional, bem como os órgãos de tiragem nacional que recorrentemente se debruçam sobre o estado a que isto chegou na Moita, sobressai uma evidência: a imprensa é isenta, mas não perde uma para apontar os respectivos holofotes às enormes interrogações que a Moita levanta, sendo fácil perceber-se que nas entrelinhas da comunicação social, as vestes descritas do rei local fazem claramente perceber que ele vai nu e com as vergonhas ao léu, mas que disso finge não ter consciência e do facto mostra não ter vergonha nenhuma.
  18. Destruiu por muitos anos que hão-de vir a sua imagem e o seu prestígio e identidade locais. Serão precisos muitos e muitos anos para que quem viver possa esquecer os prejuízos contra o PCP que o PCP na Moita está a provocar a si próprio. Quem simpatizou, não mais vai confiar. Quem nunca antes o conheceu, o que neste período aprendeu é de lastimar. Quem tinha dúvidas, ganhou certezas. Na fotografia, o PCP não poderia ficar pior, não poderia a sua imagem mais sofrer. É aos seus, na Moita, é a eles e quase só a eles que terá de agradecer.

O PCP errou em toda a linha, em tudo o que era possível errar, e em todos os momentos da sua actuação na Moita de há uma década e tantos anos para cá na Moita, pelo menos.

A quem se pode queixar?
A quase ninguém mais do que ao seu próprio círculo interno de dirigentes locais.

Pode ainda queixar-se à falta de controlo e de visão dos seus dirigentes regionais e nacionais, cegos (por não quererem ver) e de mãos atadas (por não quererem agir), perante toda este afundamento dramático do PCP na Moita.

Ass.:) Cidadão perfeitamente identificado e com o seu nome na altura devidamente publicitado.

# posted by AV : 8/29/2007

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