Novo Partido Local - O PDM
Permita-se-me umas breves considerações sobre o novo partido, o Partido Da Máfia, de sua sigla simplificada PDM, que referi este fim-de-semana em comentário anterior num Blog das redondezas.
E faço-o rapidamente, antes que alguma virgem pudica me salte ao pescoço, e em vez de ósculos apaixonados, me crave antes os seus caninos no colo sem mercê.
Então é assim:
O PDM, ou Partido Da Máfia, não se identifica nem confunde com nenhum dos Partidos existentes. Seria abusivo tentar alguém colá-lo ao Partido A, ou ao Partido B, pois na verdade a quadrilha do PDM movimenta-se e acelera em corredor próprio.
Aí, poderá dizer-se:
Alto aí, quadrilha é ofensivo, pois significa "bando de ladrões ou salteadores submetidos a um chefe".
Isso, não fui eu que pensei, menos ainda fui eu quem o disse.
Na verdade, quadrilha também quer dizer por exemplo "conjunto de quatro ou mais cavaleiros dispostos para o jogo das canas", havendo ainda mais definições possíveis, e por isso, cada um apanha e serve-se das que entender.
Mas voltando ao PDM, o partido de que estamos falando.
Na verdade, ele é transversal a toda a Sociedade, pode encontrar-se núcleos seus nos locais mais recônditos, sob as capas mais seráficas, abrigados debaixo de guarda-chuvas das mais diversas cores.
Quanto a ser novo Partido, um partido novo… bem …novo não é. Julga-se que sempre existiu, desde os tempos mais imemoriais, sendo as metamorfoses mais que muitas, e as adaptações às diferentes realidades e poderes locais apresentando-se como extremamente versáteis.
* Junto de azul, fica azulado.
* Junto de rosa, fica rosado.
* Perto de laranja, fica alaranjado.
* E finalmente, perto de vermelho fica encarniçado.
Pode pois dizer-se, que o PDM não é nada esquisito.
Come de todas as gamelas, pisco não é.
Mesmo nada, nadinha mesmo.
E como actua esse partido que dá pelo nome de PDM?
Bem é simples, é pelo famoso método das deduções sucessivas.
Primeiro interroga-se, qual a cor dominante nas áreas de coutada que escolhe para intervir.
Depois pesquisa quem será que dessa tal cor reúne se possível 3 condições concomitantes:
ter acesso directo à cúpula da cor,
ser permeável a uma boa conversa ao pé da orelha e
querer subir na vida rápido e bem, sem olhar a princípios nem ter receio de pisar todo o mundo ou alguém, e sem olhar a quem.
Terceiro, aborda o dito cujo, verdadeiro pivot de acesso rápido em todos os tabuleiros, e pergunta-lhe: "Não quer ser Administrador de uma Empresa em expansão? Não gostaria de habitar num sítio de truz? Não gostaria de realizar mais valias chorudas? Não gostaria de ser da noite para o dia um rico de súbito buéda excêntrico?"
Olha quem.
A partir daí, as portas iniciais começam a abrir-se.
Mas não chega.
É preciso chegar ao mais alto.
E aí a coisa piora, dificulta.
Contudo, não é nada que se não resolva. Assim, por exemplo:
Imagine-se o seguinte diálogo:
"Preciso do favor A, para o meu amigo A, coisa simples, é só mudar uma classificação de Solo Rural para novo Solo Urbano, com a REN perdida pelo caminho", diz a tal pessoa de acesso rápido, chamemos-lhe o Via Verde.
"Não pode ser, é contra a lei, e sabes, não é por ser fundamentalista, mas caía-nos o Carmo e a Trindade em cima do penteado, do toucado, estás a ver?", responde-lhe de rajada o mais alto, que para simplificar podemos de chamar de Mordomo.
"Mas o Gajo fez-me uma proposta indecente e disse que me dava tal e tal upa upa sabes lá eu fiquei doido o que é queres", remata o Via Verde, citando o Gajo, ou para nos entendermos melhor, o verdadeiro chefe do PDM, ou Capo.
Atenção, pode haver vários Capos, mas vistas bem as coisas, há sempre um Capo di tutti i capi.
"Então se te dava, que te dê, ora essa", responde despeitado e mui azedado o Mordomo.
"Ah, não te escames, dá-me a mim e dá a ti, ora essa", remata o Via Verde.
"Bem, assim é que é falar, vamos lá a ver o 'modus operandi', e sobretudo o enquadramento", esmiúça o Mordomo.
"Bem falado, isso isso, olha, de preferência põe-se-lhe charanga e fanfarra, sobre um assunto nobre e pomposo, e com a música, o que interessa acaba por passar, ninguém nota, ficam com os olhos postos na encenação, todos a olhar", remata o Via Verde.
"Certo, vamos a isso. E depois, é só estender a mãozinha, já cá canta, tá no papo, e a gente safa-se", conclui a seu tempo o Mordomo.
"Isso, isso", conclui o Via Verde.
Como se vê, o PDM tem as suas regras, os seus qui-pro-quos, o seu 'know-how', o seu linguarejar.
São muitos anos e muita experiência acumuladas.
Mas, como disse lá para cima no início, o grupo do PDM não corresponde a partido tradicional nenhum.
Nem podia.
Corre em pista própria, qualquer parecença é mera iludência.
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