sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Este fenómeno dos produtos PIN tem o mérito de nos fazer a todos cidadãos da Moita.


Pergunta ingénua a galinha aos E.T.'s:

"E.T.'s, é verdade que vocês vêm para destruir a nossa Terra?"

"Tonta", respondem os ditos. "O trabalho sujo são vocês quem já o está a fazer!"

In Blogue Notícias da Aldeia, Canelas

Isto chegou a um tal estado que não estejam à espera dos partidos políticos da oposição. Somos nós, povo, que temos que mudar Portugal” (Alberto João Jardim), goste-se ou não.

Nem da oposição, nem dos da situação. Os políticos há muito que não representam o povo. Representam interesses vários, proeminentemente, económicos e próprios. Talvez por isso, actualmente o governo se confunda com uma direcção comercial – de luxo, no caso presente e por adjectivação própria – gerindo o país, não no interesse das populações mas, em função de superiores interesses por vezes contraditórios quando não, inconfessáveis, sempre firmemente sustentados na força do capital.

Esta direcção – de luxo – que administra a empresa Portugal S.A., entre a propaganda à sua brilhante gestão (marketing e operações comerciais), inventou essa coisa extraordinária que são os projectos PIN, em fase de actualização para PIN plus. As equipas de vendedores autárquicos, não têm deixado os seus créditos por mãos alheias e vão batendo sucessivamente, o recorde de vendas do genial produto. Propriedades nas quais os legítimos detentores não podem fazer sequer uma mija – que poderia perturbar a erva moleirinha ou causar stress na formiga de asa branca – e por isso valem nada, são vendidos por tostões, acto imediato transformados em minas de ouro, logo que chanceladas com a famosa sigla PIN.

Os exemplos são às centenas. Não há autarquia que não sonhe com o jackpot do euromilhões, configurado em mais um resort de luxo, cinquenta torres de escritórios e habitações, três marinas e vinte greens. Não há por isso área protegida, reserva ecológica ou agrícola que não esteja em vias de upgrade para projecto de interesse nacional, ainda que ninguém tenha perguntado aos portugueses se têm interesse nos ditos projectos.

Em Faro, dinheiros Russos, compraram recentemente 529 hectares em zona protegida, obstáculo que os novos proprietários esperam ultrapassar. Em sua defesa já veio o autarca local – chefe de vendas, na nova designação governamental – admitindo que “possa vir a surgir naquela zona um projecto PIN, que permita ultrapassar as actuais restrições à construção."

Mais a norte, a Câmara da Moita, quer reclassificar 400 hectares de RAN e REN em solo urbano, desrespeitando leis e proprietários, num imbróglio que mete protocolos garantindo a reclassificação de terrenos comprados a pataco, e que só ainda se não concretizou porque um pequeno grupo de cidadãos se tem oposto ao que se configura como mais uma negociata selvagem entre autarcas, e privados.

Este fenómeno dos produtos PIN tem o mérito de nos fazer a todos, cidadãos da Moita. Mais cedo ou mais tarde, vai chegar ao nosso quintal, ultrapassado que está o estatuto de cidadãos, modernamente reclassificado em agentes do mercado, operado pela direcção de luxo. Eu que junto a minha voz aos resistentes da Moita, tenho poucas esperanças em vitórias idealistas de gente que ainda pensa o rectângulo nacional enquanto país. Na óptica comercial, esta pôrra são apenas uns milhares de hectares de terreno para lotear, e encher a betão, lindas moradias com vista para a serra, e outras para o mar.

E se você que me lê, ainda pensa em termos arcaicos de nação e país, faria bem em se juntar aos resistentes da Moita [aqui, por exemplo] e ajudar no combate aos negócios de compra e venda do património colectivo.

Numa coisa o Alberto tem razão. Não espere que os partidos e a gente que neles milita, mude o rumo dos negócios. Vá pondo a mão na carteira e prepare-se para a defender porque a gula é infinita e o mundo, apenas um mercado.

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Neste espaço surgirão artigos e notícias de fundo, pautadas por um propósito: o respeito pela Lei, a luta contra a escuridão. O âmbito e as preocupações serão globais. A intervenção pretende ser local. Por isso, muito se dirá sobre outras partes, outros problemas e preocupações. Contudo, parte mais significativa dos temas terá muito a ver com a Moita, e a vida pública nesta terra. A razão é uma: a origem deste Blog prende-se com a resistência das gentes da Várzea da Moita contra os desmandos do Projecto de Revisão do PDM e contra as tropelias do Processo da sua Revisão, de 1996 até ao presente (2008...) Para nos contactar, escreva para varzeamoita@gmail.com