Sexta-feira, 18 de Maio de 2007
Dionísio José Barata, Proprietário Agrícola e Presidente da Comissão de Moradores do Rego d'Água, em Alhos Vedros, Moita, abre a Conferência
Texto da Intervenção de Abertura e Boas-vindas, proferido por Dioníso Barata, em nome da Organização da Conferência da Moita e do Movimento Cívico Várzea da Moita:
Boa Noite, Minhas Senhoras e meus Senhores!
A todos vós eu quero agradecer o facto de terem aceite o nosso amistoso convite, o nosso desafio de Cidadãos para todos juntos debatermos a partir desta Conferência a Política dos Solos, que tão arredada anda há décadas dos reais interesses do nosso País.
Para nos debruçarmos sobre a matéria tão sensível da apropriação das mais-valias urbanísticas, assunto tantas vezes embrulhado numa confusão indecente entre interesses públicos e privados, com muito amanhanço pessoal à mistura.
E para reflectirmos sobre o mais adequado ordenamento do território que ajude a salvaguardar a nossa terra, em equilíbrio razoável homem/natureza, para que a possamos passar nas melhores condições às gerações dos nossos filhos e neto que aí vêm.
A nossa Conferencia surgiu de um desafio lançado pelo Dr. Miguel Sousa Tavares, no início de Março passado, que prontamente nós aqui na Várzea da Moita e nas terras do Sul do nosso Concelho aceitámos e tomámos como nosso.
Disse ele o que todos nós sabemos: o rei vai nu e o país em matéria de política de solos está a saque.
De lá para cá, o mérito não é nosso. O mérito cabe por inteiro aos Investigadores e Professores Universitários que com sentido cívico elevado prontamente nos disseram que com eles poderíamos contar para esta causa cidadã.
O mérito não é nosso. Ele cabe por inteiro aos eleitos e responsáveis dos diferentes Partidos Po0líticos que compreenderam quão transversal à Sociedade é a maleita e pode ser a cura destes graves problemas.
O mérito não é nosso. Ele cabe igualmente por inteiro às Entidades e Personalidades de grande prestígio e reconhecido mérito, às maiores Associações Ambientalistas do nosso País, à mulher e ao homem simples da nossa terra que de imediato compreenderam, se solidarizaram e aceitaram emprestar o seu saber e o seu nome para o sucesso desta nossa Conferência.
Perdoem-me por não citar nomes, que temos aliás ampla e reiteradamente divulgado, pois seria felizmente muito longa e rica a nossa listagem, e sempre correria o risco involuntário de ser injusto e esquecer quem não deveria.
Perguntar-me-ão: Estamos cá todos?
Infelizmente não, mas estão todos os que desejaram vir, sendo verdade que a todos educada e amistosamente convidámos, sem preconceitos nem marginalização alguma.
Chegados a este ponto, é meu dever esclarecer, em nome do Movimento Cívico de Moradores e Proprietários da Várzea da Moita e do grupo alargado e aberto de Cidadãos que organizam este Conferência, o facto seguinte:
A nossa iniciativa não serve ninguém em particular, nem contra ninguém em concreto é direccionada.
É importante dizê-lo, pois estamos hoje a receber-vos com tanto gosto numa terra de gente boa, o Município da Moita, onde vivemos e trabalhamos.
É verdade que a nossa terra não é um paraíso, onde idilicamente tudo seria trabalho bem feito, honestidade exemplar e competência sem limites.
Isso é impensável, sabendo nós o que se passa na nossa terra.
Mas tal não me impede de dizer que tampouco a nossa Conferência da Moita sobre a Política dos Solos é virada contra as Autoridades Locais.
Não.
Ela só é destinada a pôr a nu as más práticas de governação, lá onde elas existirem, aqui e em qualquer lugar, e a debater e a recomendar melhores soluções e mais justas políticas que sirvam de facto Portugal e os Portugueses.
Minhas Senhoras, e meus Senhores:
Se para apontar o dedo frontalmente ao que está mal, se para recomendar outras políticas e outras práticas de governação que sirvam de facto os interesses de Portugal e dos Portugueses, vos for preciso dizer algumas ou muitas mesmo verdades inconvenientes, façam favor.
É que não basta aos Cidadãos poder viver em democracia.
É preciso que a possamos exercer, a cada dia.
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