quarta-feira, 13 de junho de 2007

Vem esta breve reflexão a propósito da velha constatação que o medo reside nos olhos daquele que receia.








As causas externas influenciam cada um por via das causas internas

É sabido que os mesmos estímulos geram diferentes reacções em diversas pessoas.

As reacções são de cada um, como é natural.

Justificá-las pelos estímulos é redutor.

E pode ser muito enganador.

Veja-se o exemplo de um despedimento colectivo, onde 300 trabalhadores perdem o seu posto de trabalho.

Na ocasião, alguns mobilizam-se e organizam-se contra o desfecho anunciado, outros não.

Há depois uma série deles que vão à luta e conseguem defender-se e às suas famílias, e porventura partir para novas oportunidades.

Outros ficam à espera passivamente no centro de emprego.

Há mesmo um que se suicida.

Pode dizer-se que esse se matou porque perdeu o emprego?

Nada de mais errado.

Ele pôs fim à vida porque tinha graves problemas pessoais, a ocasião do fecho da empresa foi o enquadramento, mas qualquer outra contrariedade pessoal poderia ter desempenhado do mesmo modo o papel aparente de “causa imediata”.

Sem o ser.

A causa estava no interior do suicida.

Vem esta breve reflexão a propósito da velha constatação que o medo reside nos olhos daquele que receia.

Diante da contrariedade ou do risco, há o que salta em frente, há o que salta para trás e há ainda o outro que se borra todo no sítio, petrificado.

E a contrariedade ou o risco eram por igual para todos.

Mas todos eram diferentes.

Ainda por outras palavras:

Pode ser-se livre debaixo da ditadura? Na prisão, inclusivamente?

Em certo sentido, claro que sim.

Não há machado que corte a raiz ao pensamento.

Não há grades nem cadeias para nós.

E será que se pode viver como na ditadura em pleno regime de liberdade?

É evidente que sim, também.

Basta cada um colocar as grades da prisão e os pavores da repressão dentro dos próprios miolos, e olhar o mundo em redor com um espírito de servo e como se não passasse de uma simples e reles coisa.

O medo está nos olhos de quem vive e vê.

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