segunda-feira, 18 de junho de 2007

Existe uma crise da democracia...Política é uma das actividades mais nobres... As pessoas deixaram de se considerar súbditos...

bastidores




No Jornal Rostos, e com referência a propósito no Blogue Pedra do Homem

Mário Soares em Setúbal
“A pobreza e as desigualdades sociais não são fatalidades”

Mário Soares referiu, na Universidade de Verão, promovida pela Federação Distrital de Setúbal do Partido Socialista, que “o Socialismo vai voltar a estar em moda e com força” perante as desigualdades sociais existentes no mundo.
O fundador do PS salientou que é necessário – “assegurar sustentabilidade do modelo social Europeu”, devendo a Presidência Europeia, liderada por José Sócrates, “recuperar a Estratégia de Lisboa”.
Mário Soares, salientou que a “ideologia do neo liberalismo encontra-se gasta” e considerou que a “social democracia vive um momento de desorientação e crise”, referindo, como exemplo, a derrota do PS em França.

Na sessão de abertura da Universidade de Verão promovida pela Federação Distrital de Setúbal do Partido Socialista, foi convidado Mário Soares, que efectuou uma intervenção tendo como tema : “O Socialismo e o futuro”.
O fundador do Partido Socialista começou a sua intervenção recordando que “o distrito de Setúbal sempre foi de esquerda”.

Socialismo vai voltar a estar em moda e com força

“A palavra socialismo não está hoje muito em moda, há que reconhecer isso, mas não é preciso ser profeta, para vos garantir que mais ano, menos ano vai voltar a estar em moda e com força”.
Sublinhou que “basta compreender o estado em que se encontra o mundo”, as desigualdades a que conduziu a globalização desregrada, “para se perceber o que aí vem: descontentamentos em cadeia, revoltas contra as gritantes desigualdades sociais, confrontações, conflitos, quem sabe mesmo inesperadas revoluções”.
Mário Soares comentou a “riqueza ostensiva e arrogante” a par da “pobreza em constante progressão” e sublinhou que “a pobreza e as desigualdades sociais não são fatalidades”.
“A culpa é do sistema injusto que nos rege” – salientou.
“O capitalismo financeiro especulativo, sem preocupações sociais, nem ambientais, sobretudo sem valores éticos, não tem interesse em suscitar a vontade politica de luta a sério contra as desigualdades. Os únicos objectivos que lhes interessam são o lucro pelo lucro. O sucesso a qualquer preço” – sublinhou Mário Soares.
Na sua opinião, a actual situação no mundo pode conduzir a uma crise civilizacional – “é aqui com a consciência socialista vai reaparecer em força, porque um mundo melhor é possível”.

Assegurar sustentabilidade do modelo social Europeu

Mário Soares, recordou as lutas travadas pelo Partido Socialista, no período revolucionário após o 25 de Abril, citando André Malraux, referiu que – “os socialistas portugueses demonstraram ao mundo que os mencheviques (entenda-se socialistas) são capazes de vencer os bolcheviques ( entenda-se comunistas)”.
Por outro lado, sublinhou que o colapso do sistema soviético, em 1989, veio alterar a ordem do mundo e que “com o fim da guerra fria”, hoje, “os Estados Unidos, sentiram-se vencedores e têm vindo a comportar-se como donos do mundo”, querendo impor a “universalização da democracia liberal”.
Recordou que, durante os anos que precederam a viragem do século, “os Partido Socialistas Europeus, enquanto estiveram maioritariamente no poder, deixaram-se influenciar pelo neo-liberalismo”.
Na sua opinião estes foram “erros gravosos” que “estão a pagar muito caro”.

Recuperar a Estratégia de Lisboa

Mário Soares defendeu a realização de reformas sociais que assegurem a sustentabilidade do modelo social Europeu”, reformas que se preocupem com a inclusão social, que reduzam as desigualdades, nomeadamente, com a implementação da “Estratégia de Lisboa”, viando o desenvolvimento económico, com mais inovação e mais educação.
“Espero que a Estratégia de Lisboa seja retomada na nossa presidência” – sublinhou Mário Soares, recordando que foi aplicada com excelentes resultados na Finlândia.

Existe uma crise da democracia

Na sua intervenção criticou a intervenção americana no Iraque, manifestou as suas preocupações com a guerra no Afeganistão, que pode causar problemas à NATO, e, a intervenção, sem justificação, de Israel no Líbano.
“A União Europeia apesar de não ter seguido a América nas suas politicas agressivas, foi omissa” – sublinhou Mário Soares e referiu que para que a União Europeia possa ter um papel de “moderadora” no mundo actual terá que criar mecanismos para falar numa “única voz”.
Mário Soares, salientou que a “ideologia do neo liberalismo encontra-se gasta” e considerou que a “social democracia vive um momento de desorientação e crise”, referindo, como exemplo, a derrota do PS em França.
Referiu que existe uma crise da democracia, dos partidos, do socialismo democrático e das democracias cristãs europeias.

Política é uma das actividades mais nobres

“Como sair desta situação tão perigosa?” - perguntou Mário Soares, e em resposta à sua pergunta referiu que é necessário – “responder às expectativa das pessoas” e “resolver os seus problemas”.
“Os cidadãos estão fartos de promessas não cumpridas, desconfiam dos políticos, o que é triste” – referiu e alertou os políticos para terem consciência de tudo isto, - “procurem não ser demagogos, tentem não ser autoritários e arrogantes”.
“Os socialistas precisam demonstrar que as suas vidas são a prova dos seus ideias” – referiu.
Mário Soares salientou que “politica e negocismo” não são compatíveis – “politica é uma das actividades mais nobres, tem que ser prestigiada junto das massas populares”.
Recordou que pessoas com “consciência cívica” se afastam da política – “se os melhores se afastam da política quem fica a perder é a comunidade”.

As pessoas deixaram de se considerar súbditos

Mário Soares, referiu que o Governo PS “reduziu o deficit”, mas criou descontentamentos e “agravaram-se as desigualdades sociais”.
Nesse sentido considerou que os desafios que se colocam ao actual Governo, liderado pelos socialistas, são em primeiro lugar – “ir ao encontro das pessoas e construir um diálogo com os Sindicatos”, com a classe média e meios intelectuais, em segundo lugar, realizar uma excelente Presidência Europeia, “lançando ideias novas e insistindo nas antigas como a Estratégia de Lisboa”.
Na sua intervenção considerou essencial que o PS seja um partido moblizado, sendo necessário “estimular a militância”.
Sublinhou que o Partido Socialista não deve se afastar da sua base social de apoio, os desfavorecidos, as classes médias e recordou que com o 25 de Abril, as pessoas “deixaram de se considerar súbditos e passaram à categoria de cidadãos. Não querem perder esse estatuto”.
Mário Soares defeendeu o alargamento do papel do Estado como regulador da sociedade, salientando que isto é – “o mínimo que um socialista pode e deve exigir de um governo que se reclame do socialismo”.

Defender os Sindicatos e os Partidos

No período de diálogo com o participantes na Universidade de Verão, salientou que “sem partido e sem sindicatos não há democracia” e considerou que é necessário defender os sindicatos e os partidos, porque – “tornou-se uma moda falar mal dos partidos”.

É importante que os partidos tenham alma

Mário Soares, criticou aqueles que se consideram “donos das secções do Partido Socialista” e sublinhou que um partido não pode ser “um centro de interesses”.
“É importante que os partidos tenham alma” – sublinhou Mário Soares, que se discuta, que se liguem as bases ao topo, que se desenvolva a consciência politica.

Flexisegurança é um conceito de direita

Uma das matérias em reflexão foi a flexisegurança, referindo Mário Soares que este é um conceito de direita e que tem algumas dúvidas sobre este conceito, salientando que é uma palavra que “não soa bem” e cujo significado o deixa “muito desconfiado”.

Hugo Chavez promove politicas assistencialistas

No diálogo com os jornalistas, sublinhou que ao PS não faltam causas, esteve a resolver problemas financeiros e, agora, deve estabelecer o diálogo com os sindicatos e com todas as forças politicas.
Referiu que o PS é um partido dos desfavorecidos e das classes médias e que se deve mobilizar e deve ter um papel junto das populações.
Numa pergunta de jornal “Rostos” se estabelecia alguma ponte entre “socialismo democrático e Hugo Chavez”, Mário Soares respondeu – “Não. Hugo Chavez está no poder por via eleitoral. Foi eleito. Nunca ninguém disse que ele roubou votos. Os votos foram dele. Ele tem ao lado dele 64% ou 70% da população, da população mais pobre. Ele faz uma polÍtica assistencialista. Tem as pessoas na mão, porque gostam dele, porque dá escola aos miúdos que não tinham, dá médicos às famílias pobres, tme supermercados onde os produtos são vendidos a metade do preço, aos mais pobres. Não quer diszer que isto resolva os assuntos sociais, no meu critério. Estou só a explicar, o que é, não estou a fazer juízos de valor.”

Rostos

Sem comentários:

Arquivo do blogue

Acerca de mim

Neste espaço surgirão artigos e notícias de fundo, pautadas por um propósito: o respeito pela Lei, a luta contra a escuridão. O âmbito e as preocupações serão globais. A intervenção pretende ser local. Por isso, muito se dirá sobre outras partes, outros problemas e preocupações. Contudo, parte mais significativa dos temas terá muito a ver com a Moita, e a vida pública nesta terra. A razão é uma: a origem deste Blog prende-se com a resistência das gentes da Várzea da Moita contra os desmandos do Projecto de Revisão do PDM e contra as tropelias do Processo da sua Revisão, de 1996 até ao presente (2008...) Para nos contactar, escreva para varzeamoita@gmail.com