terça-feira, 12 de junho de 2007

O Edil era muito dedicado à sua querida, à sombra da qual alcançara tudo na vida. Era comum dizer-se "Só tem olhos para ela"














Doisneau
, Un regard oblique

Esta é a história simples e ao mesmo templo imbrincada do edil João Carneiro, marido fiel e consorte amantíssimo da sua adorada Esposa, que tudo lhe tem dado na vida

Era uma vez, há muitos e muitos anos, um Edil de uma Vila não muito distante, de seu nome João Carneiro, que dava brado por quanto amava perdidamente a sua esposa adorada de uma vida.

E não lhe faltavam razões de sobejo para tal.

Na verdade, fora à época um casamento que no mínimo se pode chamar de feliz.

João Carneiro acumulava inicialmente funções de mestre-escola com outras do tipo assim como que uma espécie de engenheiro, coisa de um futuro assaz incerto e de uma progressão de carreira bem vagarosa, dizia-se.

Foi por essa altura que conheceu a sua amada, já nessa altura ela adorava prender o cabelo ao alto com o espalhafato que ainda hoje se lhe conhece.

Coisa um pouco antiquada.

Foi amor, foi amor pode dizer-se à primeira vista.

Mas olhando-se melhor, foi algo que na verdade deu muito jeito ao nosso João Carneiro, e lhe trouxe bastos proveitos e mordomias .

Na verdade, ainda ele não ia nos 30, e já o nosso homem trepava pela sua amada acima, salvo seja.

Degrau aqui, lance acolá, novas responsabilidades depois, sempre coisa de somenos contudo.

A grande oportunidade surgiu-lhe como um golpe de sorte, coisa na roleta ou na sala ao lado, sói dizer-se, por bandas de 2002.

Azar de uns, fortuna dos mais espertos, acrescentou-se à época também.

Mas faltava a cereja no cocuruto do bolo, de par com a caixa da pastelaria.

Entenda-se caixa de uma forma nua e crua, com o seu duplo sentido, como se pode ver em parte em diagonal na fotografia.

E no outro sentido quiçá também, a seu tempo se verá.

Mas andando, pois já há aliás quem ande esmiuçando.

Era preciso pois conciliar o melhor de 2 mundos antípodas, o amor de faz-de-conta e mostrado em público da consorte privada, e o enlevo passional mas guardado em privado da mulher pública.

Muitos nesse jogo ambíguo usam claudicar, e terminaram já há muito com as malas à porta e no olho da rua.

Só os eleitos, e mesmo assim poucos dentre eles, o conseguem conciliar.

E nem sempre.

Há quem diga mesmo que a todos algum tempo, há mesmo quem possa, a alguns toda a vida também, mas quem engane todos e todo o tempo, é tarefa mais difícil e mui incerta.

Impossível até, apregoam.

O mesmo se passou então com nosso conhecido e famoso João, de seu nome abençoado.

Por muitos já há muito que é topado, mas da sua querida lá de casa ainda por demais parece que continua adorado.

Não se pense contudo que esse equilíbrio do nosso Edil tem sido tarefa fácil.

É que a sua amada não desgruda, e o nosso João Carneiro sabe bem que tudo na vida a ela deve, quer nas águas passadas, quer para os tempos vindouros com a sua forma redourada que se avizinha, mas que ao certo, certo, já lá canta.

Já cá canta, ouve-se-lhe dizer com voz e modos de um jovem, rapaz novo que ainda é.

E não desgruda a dita consorte nem em casa, nem no paço, nem nos simples passeios pela avenida.

Nunca, a desgraçada.

E como se desenvencilha dela o nosso João Carneiro?

Simples.

Ele ama tanto a sua adorada de uma vida, que nela não se aparta 1 minuto sequer da sua querida.

Traz mesmo dela um talismã benzido sempre ao peito.

E na lapela, sempre a imagem dela.

É que, costuma dizer, dá muito jeito e surte mesmo na amada e seus parentes um certo efeito.

Convém, acrescenta com um sorriso indecifrável.

É por isso que não abre a boca vez alguma, que não invoque o seu bendito nome.

1, 2 e 3 vezes de cada vez.

Só tem olhos aliás, como toda a gente bem o sabe, para a sua adorada do cabelo ao alto apanhado, à moda antiga.

Ele é um amante fiel e dedicadíssimo do amor da sua vida.

Daquela que não sai à rua sem antes sempre prender o cabelo ao alto com o espalhafato com que desde muito nova o fazia, veja-se a fotografia.

E o nosso Edil que não tem olhos senão para ela.

Para quem?

Alguém ainda tem dúvidas?


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