sexta-feira, 22 de junho de 2007

Quem está vivo e quer viver ainda um par de anos bons só pode dar-se inteiramente a um desígnio assim.




Breve reflexão que recebemos do nosso leitor ant silva ângelo a propósito da notícia:

Quinta-feira 21 Março ’07 teve lugar na Moita, no Auditório da Biblioteca Municipal, um interessante debate promovido pela Federação Distrital de Setúbal do Partido Socialista sobre “As Tendências e as Políticas Sociais”, com a participação de Lídia Jorge, escritora, e de Luís Fagundes Duarte, docente universitário e deputado à Assembleia da República, membro do Grupo Parlamentar do PS.

As múltiplas facetas da vida dos Portugueses e de Portugal vão mais ou menos de par umas com as outras.
As grandes preocupações sobre os baixos índices culturais da nossa terra e da nossa gente, neste nosso tempo, não são uma excepção.
Acontecem ao mesmo tempo que também contamos com graves problemas sociais, económicos, urbanísticos, ambientais, de participação cidadã, de afirmação a muitos níveis, desde o campo desportivo à prestação negativa das nossas trocas comerciais.
A cultura não é pois uma ilha de problemas num mar de coisas boas.

Entretanto, muita gente se queixa, e não são muitos os que o fazem com equilíbrio e razão suficientes.
Nos últimos quase 100 anos, metade do tempo vivemos com liberdades, a outra metade sob ditadura.
A orientar a nossa grande nau colectiva, tivemos gerações e gerações de Governantes e outros Dirigentes Políticos ilustres, uns eleitos, outros impostos, pessoas técnica e politicamente capacitadíssimas.
A nau não tem feito outra coisa quase que não seja navegar à deriva, com rombos crescentes e não resolvidos nos 4 costados.
Grandes leaders, grandes rombos e maiores tormentas.
Bom porto, é coisa que só os mais crentes e optimistas conseguem vislumbrar.
Na cultura e em tudo o mais.

Responsabilizar quem governa é necessário, é justo, e se fosse feito de forma consequente seria importante.
Mas não é. Impera entre nós um misto de sadismo da parte dos de lá de cima, e de masoquismo da parte dos de cá de baixo.
E se fosse, não chegaria, pois se até mesmo em ditadura é o povo quem em última análise mais sofre e simultaneamente mais aguenta (no duplo sentido) o duro estado das coisas de então, o que dizer da vida em democracia?
Maus dirigentes eleitos?
E de novo mais do mesmo, em novas eleições?
Culpa dos eleitos?
Por favor.

Portugal é um todo, mas não é um todo simples. O mesmo se pode dizer dos Portugueses. Há-os de todo o género e sentido.
Mas há momentos e tendências que sobressaem, e a nossa geração, no meio de muitas virtudes, anda muito de rastos, demasiado agachada, pouco inventiva, arrojada e corajosa.
E é tudo a ajudar para baixo.
Há 2 dias, por exemplo, assisti a uma peça num Noticiário TV onde vários entrevistados falaram do seguinte:
A TAP está a comprar a Portugália, e parece que vai despedir 300 dos trabalhadores desta Companhia, admitindo os restantes com as condições de trabalho e salariais reduzidas para metade.
E como falaram em Junho ’07 para as câmaras os entrevistados?
Com pseudónimos, com a voz trucada e para câmaras desfocadas.
Lastimável que o tenham feito, e lastimável que as Televisões assim o transmitam, mandando para a sociedade sinais de medo, agachamento, choque e pavor que alguns sempre recusarão, e que muitos depressa mimetizarão.

Disse Lídia Jorge, e também com isso concordou Fagundes Duarte, que a Cultura é um ponto de chegada, e que a Educação é um ponto de partida.
E que são tarefas ingentes para 20 anos ou gerações.
E que muitíssimo está por fazer.
E que os indicadores são tristes, e os mais risonhos são enganadores.
Só se pode concordar.

Pode entretanto concluir-se, como a certa altura Fagundes Duarte questionou, que falhou a nossa geração?
Falhámos a nossa vida?
É e tem de continuar a ser sempre assim?

Portugal e os Portugueses, nesta como em quase todas ou mesmo todas as áreas da nossa vida, precisam manifestamente de um sobressalto de vez.
Quem está vivo e quer viver ainda um par de anos bons só pode dar-se inteiramente a um desígnio assim.
A cada um o seu papel, agora.

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