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Saber mais e ler o Artido do Expresso
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Saber mais e ler o Artido do Expresso
Importante artigo de opinião no Jornal Margem Sul (WEB on-line e Semanário em papel) | | |
29-Jun-2007 | |
Já passaram dois anos sobre o início da discussão pública da revisão do Plano Director Municipal da Moita. Estávamos então no 1º semestre de 2005, quando o executivo da CDU, pretendia fazer passar a todo o custo o seu projecto de PDM, de uma forma rápida, à margem de qualquer discussão séria e esclarecedora da população. Terminado o prazo mínimo de discussão, vieram as centenas de reclamações, dando lugar a um movimento de cidadãos, “Movimento dos Moradores e Proprietários da Várzea da Moita”, que ergueu a sua voz com factos e argumentos, sobre a forma como foi apresentado o Projecto de Revisão, onde se beneficiam os interesses dos projectos urbanísticos, em detrimento da maioria da população. Este Movimento de Cidadãos não mais parou, tendo levado a questão a diversos órgãos institucionais, desde os partidos políticos, passando pela Assembleia da República, indo até à Presidência da República. No entanto o Presidente da Câmara fazendo orelhas moucas, sobre todas as vozes discordantes, levou à aprovação uma “versão final”, que obteve os votos favoráveis dos Vereadores da CDU e os votos contra dos Vereadores da Oposição (PS, PSD e BE). Pela caneta do jornalista António Cerejo, o PDM da Moita foi notícia na imprensa nacional, em que através de uma investigação jornalística, foram revelados factos de inegável importância para uma clarificação de todo este processo. Chegados a Maio de 2007, o Movimento da Várzea conjuntamente com um grupo de cidadãos, organizou a Conferência Nacional sob o tema: “Uma Verdade Inconveniente: A Política de Solos, as Mais Valias Urbanísticas e o Ordenamento do Território – O interesse de Portugal e dos Portugueses”, que decorreu numa colectividade da Moita. Esta iniciativa constituiu um facto inédito a nível nacional, quer pela pertinência e importância da temática, quer pela diversidade e contributos dos seus intervenientes, para um debate sobre a política de solos, que deve continuar a ser promovido. Esta Conferência foi um acto de cidadania que veio pôr o dedo na ferida, sobre a questão da política de solos em Portugal. É de referir que nenhum Vereador do executivo CDU participou neste evento, o que não deixa de ser significativo e lamentável. Entretanto, perante a proposta apresentada pelos Vereadores do PS, em Sessão de Câmara, foi aprovada por unanimidade, a solicitação de uma inspecção do IGAT a todo este processo. Até ao momento nada se sabe sobre o evoluir desta solicitação. No passado dia 5 de Junho as instalações da Câmara foram visitadas por uma brigada da Polícia Judiciária, que recolheu documentação e suportes informáticos para investigação. Pela parte da CCDR, entidade de quem se aguarda uma decisão final sobre todo este processo, nada transparece. A partir de 4 de Julho o Movimento da Várzea, anunciou que vai promover uma discussão, que se prolongará até Setembro, sobre o processo do PDM da Moita. Estes actos de cidadania, vindos de sectores da população, são sempre bem vindos, e constituem contributos valiosos, que devem ser bem acolhidos e apoiados. O Bloco de Esquerda que sempre foi crítico face à forma como tem sido conduzido todo o processo, votou contra esta revisão do PDM. Este processo está inquinado, é preciso começar tudo de novo. Enquanto os loteadores e as imobiliárias, vão ocupando os nossos melhores solos e acumulando as grandes fortunas, há núcleos urbanos envelhecidos, sem infraestruturas, sem espaços verdes e de lazer, de forma a contribuir para uma melhor qualidade de vida da população. Mas os dias passam, os meses passam e sobre esta história interminável da revisão do PDM da Moita não se sabe qual o seu final, e a população do Concelho da Moita tem direito a uma palavra, e a um esclarecimento. |
Yokoi, soldado japonês que passou 28 anos escondido após a segunda guerra, sem se aperceber que a paz tinha chegado em Agosto ‘45.
Shoichi Yokoi era um soldado, recrutado no exército japonês imperial em 1941 e enviado com sua tropa para Guam pouco depois. Em 1944, devido ao avanço das forças americanas que reconsquistaram Guam, Yokoi escondeu-se e nunca mais ninguém o viu.
Em 24 de janeiro de 1972, Yokoi foi descoberto numa zona remota de Guam por dois dos habitantes da ilha. Ao longo de 28 anos o japonês ficou escondido numa caverna subterrânea na selva, temendo sair do esconderijo mesmo após ter encontrado panfletos declarando que a segunda guerra mundial tinha terminado.
Publicada por JCG em 00:09 em Pedra do Homem
A decisão de Sócrates de processar o autor do blogue "Portugal Profundo" que levantou a questão das habilitações do actual primeiro-ministro foi objecto de um comentário de Marcelo Rebelo de Sousa bastante apropriado. Marcelo acusou Sócrates de se ter atrasado bastante na defesa do seu direito ao bom nome. De facto, tendo sido noticiado que Sócrates acusa o engenheiro de difamação, é caso para dizer que levou tempo de mais a perceber que estava a ser difamado já que António Balbino Caldeira sustenta a sua tese em posts publicados nos últimos dois/três anos.
Jornal O Rio www.orio.pt interroga-se sobre as tendências opacas, sobre o desleixo em informar na hora a população e sobre a falta de iniciativa da Câmara da Moita, que parece só trabalhar a reboque e de empurrão, desnecessariamente.
Comentário: Por que será? em 2007/6/25 0:30:00
A notícia do assalto à Câmara Municipal da Moita, na madrugada de 18 de Junho, noticiada imediatamente pelos blogs www.arremacho.blogspot.com e www.alhosvedrosaopoder.blogspot.com, ficou mais de quatro dias sem qualquer informação e esclarecimento por parte da edilidade.
Na redacção de O RIO, só recebemos um comunicado municipal sobre este assunto, no dia 22 de Junho.
A Câmara viu-se na obrigação de noticiar o acontecimento porque alguém lhe escreveu a pedir explicações (...ocorreu, de facto, um assalto..., diz a informação que recebemos).
A tardia comunicação pública deste caso deu azo a suspeitas e insinuações pouco favoráveis à Câmara. Desnecessariamente.
Por que será que a actual Câmara da Moita é avessa a responder a quem a acusa (nem sempre com razão) e em esclarecer e informar, em cima da hora, casos desta natureza à população?
À falta de meios não é.
Por que será, então?
Esclarecimento da Câmara Municipal da Moita
“Na madrugada do passado dia 18 de Junho, ocorreu, de facto, um assalto às oficinas do Gabinete de Informática e Telecomunicações da Câmara Municipal da Moita, que funciona no edifício Flor do Tejo (ex-Grémio), tendo sido furtadas duas impressoras e 14 computadores novos, adquiridos recentemente pela Câmara Municipal da Moita para equipar os Laboratórios de Informática de diferentes Escolas Básicas de 1º ciclo, no âmbito do Programa de Alfabetização Informática no Município da Moita. Do mesmo local, foi igualmente furtada uma viatura municipal (Renault Kangoo), entretanto, recuperada, tendo-se também verificado recentemente dois furtos de dinheiro em diferentes serviços municipais.
Todas estas ocorrências foram já devidamente participadas às Forças de Segurança”.
Assaltos em plena luz do dia a transeuntes que deslocam a pé ou de bicicleta |
Situadas no Concelho do Montijo, as freguesias acima mencionadas totalizam 311 Km2 dos 400 Km2 do concelho, estando a vigilância policial a cargo de catorze militares da Guarda Nacional Republicana (GNR), que estão sedeados na Freguesia de Canha.
A rede escolar destas freguesias tem 12 escolas, desde jardins-de-infância à Escola C+S, num total de 780 alunos, cuja segurança compete também aos militares da GNR.
Pese embora o profissionalismo demonstrado pelos militares que se encontram ali destacados, o seu número é claramente insuficiente para assegurar o cumprimento da lei na área destas freguesias que se encontram na área metropolitana de Lisboa, sendo frequentes os furtos, nomeadamente sobre o património agrícola (cortiça, pinhas, colmeias, gado, etc.) ou o património pessoal (viaturas, residências - um dos últimos furtos teve a particularidade de, para além do interior, lhe terem sido subtraídas as portas e janelas -, bombas de gasolina, placas de sinalização e ferro-velho) ou os assaltos em plena luz do dia a transeuntes que deslocam a pé ou de bicicleta, refere o deputado Luís Carloto Marques, MPT, eleito pelo PSD, no círculo eleitoral de Setúbal, em requerimento apresentado na Assembleia da República.
A situação é de enorme gravidade
Estas freguesias são percorridas por uma rede viária de estradas nacionais e por uma auto-estrada, o que dá aos infractores uma grande mobilidade, tendo a segurança que ser, no amplo sentido do termo, bem coordenada entre os diversos militares da GNR aos quais estão atribuídas diversas missões específicas.
A situação é de enorme gravidade, mas aparentemente os responsáveis distritais da GNR não parecem estar sensibilizados para o assunto, refugiando-se em estatísticas das queixas apresentadas, quando na realidade muitos dos lesados já não apresentam queixa devido à sua inconsequência.
Esta vasta área do Concelho do Montijo, que perfaz cerca de 80% da área total, necessita de um reforço da sua vigilância e de uma melhor coordenação entre as diversas entidades da GNR a quem compete fazer cumprir a lei e identificar quem a não cumpre dolosamente, sublinha o deputado do MPT.
Traçar um plano de segurança para esta região
O Deputado do MPT, em requerimento dirigido ao Ministério da Administração Interna, solicitou que lhe fosse prestada s seguinte informação: Se o Ministério da Administração Interna tem conhecimento da gravidade da situação descrita? Se o referido Ministério tenciona reforçar o número de agentes que estão neste momento ao serviço nesta região, e, ainda se tenciona traçar um plano de segurança para esta regiço, coordenando as diversas entidades da GNR a quem compete a vigilância da legalidade?
O veículo ligeiro encontrava-se no local errado à hora errada
E o mesmo se passava com “as duas impressoras e os 14 computadores novos, adquiridos recentemente pela Câmara Municipal da Moita para equipar os Laboratórios de Informática de diferentes Escolas Básicas de 1º ciclo, no âmbito do Programa de Alfabetização Informática no Município da Moita», cf. notícia da Câmara Municipal da Moita no seu Portal WEB oficial.
Na verdade, à data de 18 de Junho de 2007, que raio de razão faria tal equipamento estar ainda nas oficinas do Gabinete de Informática e Telecomunicações da Câmara Municipal da Moita?
Com efeito, se era para entregar nas Escolas no Ano Lectivo 2006-2007, já deveria há muito tal material informático ter sido facultado às Escolas destinatárias, como é evidente.
Se pelo contrário esse equipamento se destinava já ao Ano Lectivo 2007-
Uma conclusão parece poder tirar-se, desde logo:
Os equipamentos informáticos roubados a 18 de Junho 2007 das instalações da Câmara das Moita estavam no local errado, na hora errada.
Seja-nos permitido perguntar:
Ou ainda, questionando-se a coisa de outro modo:
Foto de uma cena de caos completo no Aeroporto de Frankfurt
Dúvidas metódicas:
Ficámos a saber a 24 de Junho, por comunicado da Câmara da Moita, certos factos ocorridos 4 dias antes ou mesmo há mais tempo até:
«Foram furtadas duas impressoras e 14 computadores novos, adquiridos recentemente pela Câmara Municipal da Moita para equipar os Laboratórios de Informática de diferentes Escolas Básicas de 1º ciclo, no âmbito do Programa de Alfabetização Informática no Município da Moita», refere a autarquia em comunicado, depois de questionada sobre o assunto pela Lusa.
Entretanto, segundo a Maré Cheia de Outubro 2005, podia aí ler-se:
No âmbito do Programa de Alfabetização Informática da Câmara Municipal, foram já criados Laboratórios de Informática nas seguintes escolas:
. EB1 nº 1 Moita
. EB1/JI Moita
. EB1/JI nº 1 Baixa da Banheira
. EB1/JI nº 2 Baixa da Banheira
. EB 1 nº 1 Baixa da Banheira
. EB1 nº 3 Baixa da Banheira
. EB1 nº 4 Baixa da Banheira (Vale da Amoreira)
. EB1 nº 5 Baixa da Banheira
. EB1 nº 2 Alhos Vedros
Este programa, que vai ser alargado a outras escolas durante este ano lectivo, tem, entre outros, o objectivo de facultar o acesso à Internet a todos os alunos do 1º ciclo do Ensino Básico, assim como combater a info-exclusão.
E segundo o Rostos de 28 Setembro 2006, podia ler-se:
Programa de Alfabetização Informática na Moita
Laboratórios de Informática para combater a infoexclusão
. Câmara da Moita promove acesso às novas tecnologias nos Jardins-de-Infância da rede pública |
…
Poderá perguntar-se:
No âmbito do Programa de Alfabetização Informática da Câmara Municipal, foram já criados Laboratórios de Informática nas seguintes escolas:
. EB1 nº 1 Moita
. EB1/JI Moita
. EB1/JI nº 1 Baixa da Banheira
. EB1/JI nº 2 Baixa da Banheira
. EB 1 nº 1 Baixa da Banheira
. EB1 nº 3 Baixa da Banheira
. EB1 nº 4 Baixa da Banheira (Vale da Amoreira)
. EB1 nº 5 Baixa da Banheira
. EB1 nº 2 Alhos Vedros
Este programa, que vai ser alargado a outras escolas durante este ano lectivo, tem, entre outros, o objectivo de facultar o acesso à Internet a todos os alunos do 1º ciclo do Ensino Básico, assim como combater a info-exclusão.
2007/06/22 | 21:32
Computadores destinavam-se a equipar as escolas básicas do 1º ciclo
As oficinas do Gabinete de Informática e Telecomunicações da Câmara Municipal da Moita foram assaltadas na madrugada do dia 18 de Junho, tendo sido furtado material informático que se destinava a equipar as escolas básicas do 1º ciclo, escreve a Lusa.
«Foram furtadas duas impressoras e 14 computadores novos, adquiridos recentemente pela Câmara Municipal da Moita para equipar os Laboratórios de Informática de diferentes Escolas Básicas de 1º ciclo, no âmbito do Programa de Alfabetização Informática no Município da Moita», refere a autarquia em comunicado, depois de questionada sobre o assunto pela Lusa.
No decorrer do assalto foi também furtada uma carrinha municipal (Renault Kangoo) que entretanto já foi recuperada.
A autarquia anuncia ainda que recentemente se verificaram dois furtos de dinheiro em diferentes serviços municipais, não especificando o valor concreto que foi furtado.
As ocorrências foram participadas à polícia que neste momento investiga as ocorrências.
***
Outras notícias bizarras:
Finalmente, a Câmara Municipal da Moita viu-se na obrigação de noticiar já ao cair do dia 22 de Junho factos graves ocorridos na madrugada de 18 e até porventura em datas anteriores (…”tendo-se também verificado recentemente”…)
Esclarecimento da Câmara Municipal
Na madrugada do passado dia 18 de Junho, ocorreu um assalto às oficinas do Gabinete de Informática e Telecomunicações da Câmara Municipal da Moita, que funciona no edifício Flor do Tejo (ex-Grémio), tendo sido furtadas duas impressoras e 14 computadores novos, adquiridos recentemente pela Câmara Municipal da Moita para equipar os Laboratórios de Informática de diferentes Escolas Básicas de 1º ciclo, no âmbito do Programa de Alfabetização Informática no Município da Moita.
Do mesmo local, foi igualmente furtada uma viatura municipal (Renault Kangoo), entretanto, recuperada, tendo-se também verificado recentemente dois furtos de dinheiro em diferentes serviços municipais.
Todas estas ocorrências foram já devidamente participadas às Forças de Segurança.
Câmara Municipal da Moita - Noticia de 2007-06-22
Ora o assunto já corria mundo desde o próprio dia 18, com divulgação no Blogue Arre Macho nesse mesmo dia 18 e a 21 de Junho de novo.
Hoje de manhã, 22 Junho '07, um dos nossos Vizinhos havia enviado por mail ao Presidente da Câmara a mensagem seguinte:
"Incertos roubaram material diverso na Câmara Municipal da Moita" ... O que nos pode dizer sobre esta matéria o Senhor Presidente da Câmara?
Exmº Senhor João Manuel de Jesus Lobo, Presidente da Câmara Municipal da Moita
No Blogue Arre Macho pode ler-se o seguinte:
Entretanto, verifica-se que na Moita, em conversas entre Cidadãos, correm diversas versões, nomeadamente referindo:
Entretanto, compulsado o Portal oficial da Câmara Municipal da Moita , na sua página de Notícias , nada aí se refere sobre estes factos, nem sobre a sua confirmação ou desmentido.
Neste quadro, e salvaguardada eventual matéria reservada, nomeadamente por se encontrar em segredo de justiça, peço-lhe Senhor Presidente que me responda:
Na verdade, todos nós estaremos de acordo, se o assunto é um não-caso, deve acabar por aqui.
Se existe um ou vários factos e verdades a seu propósito, é importante que as Cidadãs e os Cidadãos do Concelho da Moita os conheçam, e desde logo a partir de fonte oficial, e daí a razão de ser da nossa frontal pergunta síntese seguinte:
Na expectativa das suas importantes notícias,
Cordialmente
22 Junho '07
Um morador, identificado com nome, mail e telefone pessoais, a rogo de vários Moradores e Proprietários da Várzea da Moita
Por favor, leia-se:
Quinta-feira, Junho 21, 2007
Trancas nas portas??
É o que parece.
Depois da C.M.Moita ter sofrido a busca por parte da Judiciária, onde material informático foi apreendido para investigação, passados alguns dias as instalações da C.M.Moita foram visitadas novamente por "amigos do alheio", que conseguiram entrar em vários edifícios das instalações camarárias, amealhando cofres, computadores, uma viatura e sabe-se lá o que mais (onde é que andam os vigilantes*?).
Consigo afinal, entender o porquê do sôr presidente negar as instalações à população que por meio de oficio as pediu para desenvolver actividade interessante e na berra.
Conta em pormenor o Blog do BE Moita que tomou uma posição e o Blog da Várzea que efectuou o pedido de cedência das instalações.
Trancas nas portas pois claro. Há que evitar novas surpresas.
in
http://arremacho.blogspot.com
é o 2º assalto em poucos dias ás instalações da Câmara Municipal da Moita. Os larápios demonstram simpatia pela informática, pois desta vez não levaram apenas discos rígidos, levaram cerca de 16 computadores, com a particularidade de usarem uma carrinha dos respectivos serviços no seu transporte. A carrinha já foi encontrada, mas dos computadores não existem pistas.
A Câmara deste concelho está a dar muito trabalho à Judiciária... ...
in
http://arremacho.blogspot.com
Por cortesia de O Jumento, transcrevemos do Público…
O CASO FERNANDO CHARRUA
«Um professor em comissão de serviço na Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) foi alvo de um processo disciplinar por, alegadamente, ter injuriado o primeiro-ministro no decurso de uma conversa com um colega no seu gabinete de trabalho. Não se cuida de saber o teor exacto das palavras proferidas. O professor em causa, Fernando Charrua, afirma que se limitou a dizer uma piada sobre a licenciatura de José Sócrates, enquanto a directora daquele organismo diz que se tratou de uma injúria. Vamos, por economia de raciocínio, admitir que a directora da DREN tem razão e que o professor em causa proferiu mesmo expressões injuriosas, ou seja, ofensivas da honra e da consideração do cidadão que desempenha actualmente as funções de primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates.O primeiro aspecto relevante consiste no facto de as injúrias não terem sido proferidas em nenhum documento de trabalho (carta, ofício, relatório, apontamento, etc.), nem em nenhuma reunião, encontro ou tarefa funcional, nem publicamente, mas sim no decurso de uma conversa particular num gabinete de trabalho com um colega do mesmo organismo.
Poderão os funcionários do Estado ter conversas privadas nos seus locais de trabalho? A resposta não pode deixar de ser positiva. Um qualquer cidadão, incluindo as figuras públicas, podem ter conversas privadas, mesmo em locais públicos e, por maioria de razão, nos seus locais de trabalho. A natureza privada de uma conversa não depende do lugar onde a mesma tem lugar, mas sim do clima de reserva em que decorre. E, se a conversa era reservada, é inaceitável que se torne público o seu teor, mesmo que (sobretudo) por um dos interlocutores. O professor Fernando Charrua acreditou que o colega com quem dialogava merecia a confiança de partilhar uma conversa privada e este traiu essa confiança e atraiçoou-o, indo informar um superior hierárquico do teor da conversa.
O segundo ponto relevante consiste na circunstância de a natureza alegadamente injuriosa da conversa consubstanciar, juridicamente, um abuso do direito de expressão. Em termos mais rigorosos: traduz-se num exercício abusivo da liberdade de expressão. Este direito (de todos poderem exprimir e divulgar livremente o seu pensamento) é um direito fundamental da pessoa humana e como tal está consagrado no artigo 37º da Constituição da República Portuguesa (CRP). Só que nenhum direito é absoluto, no sentido de poder ser exercido em termos de violar desnecessária ou desproporcionadamente outros direitos com igual dignidade jurídica (tal como a honra, previsto no artigo 26º da CRP). Quando isso acontece, o ordenamento jurídico prevê sanções para o abusador.
Aqui chegados, surge a questão de saber quais as concretas sanções previstas. Como, in casu, tais sanções se traduzirão sempre numa limitação a um direito fundamental, é a própria CRP que procede ao enquadramento jurídico do respectivo regime sancionatório. E assim é que no seu artigo 37º, nº 3, se diz expressamente que "as infracções cometidas no exercício destes direitos (de expressão e de informação) ficam submetidas aos princípios gerais do direito criminal ou do ilícito de mera ordenação social, sendo a sua apreciação respectivamente da competência dos tribunais judiciais ou de entidade administrativa independente, nos termos da lei".
Portanto, o direito disciplinar do funcionalismo público não pode ser usado para sancionar um funcionário, por, numa conversa privada, ter injuriado terceiros, incluindo o primeiro-ministro. Este poderá, se o quiser, reagir como qualquer cidadão, no local próprio, ou seja, nos tribunais judiciais, intentando o correspondente procedimento criminal pelo crime de difamação contra quem proferiu as palavras ofensivas. O que não tem é o direito de recusar a protecção do direito criminal e ao mesmo tempo aproveitar-se ou beneficiar do regime sancionatório especial do direito disciplinar.Mais. O cidadão José Sócrates, enquanto primeiro-ministro, tinha o dever de impedir que uma zelosa subordinada sua (a directora da DREN) procedesse disciplinarmente contra um funcionário que alegadamente o ofendera numa conversa privada. Já que recusa a tutela penal, deveria igualmente recusar a disciplinar.
O direito disciplinar existe para punir infracções disciplinares, ou seja, as que são cometidas por funcionários no exercício das respectivas funções. Mais. A CRP não prevê (portanto, não permite) que as infracções cometidas no exercício do direito de expressão (enquanto direito fundamental) sejam apreciadas em sede do direito disciplinar. Isso foi expresso de forma bem clara pelo legislador constituinte.
Aliás, ainda não há muitos anos, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) decidiu nesse sentido, num caso formalmente idêntico a este. Um juiz desembargador, dirigindo-se a um colega, disse que todos os membros do Conselho Superior da Magistratura eram uns filhos da puta. O interlocutor, que era membro do CSM, participou a este órgão, que deliberou punir o primeiro com uma sanção disciplinar. O visado recorreu para o STJ, que anulou a sanção e absolveu o arguido, justamente por considerar que um acto da vida particular de um magistrado judicial só constituirá uma infracção disciplinar, se, por um lado, se repercutir na sua vida pública e, por outro, se revelar incompatível com a dignidade indispensável ao exercício das suas funções. E o STJ acrescentou: "Não o será um acto da vida particular que não seja de molde a causar perturbação no exercício das funções ou de nele se repercutir de forma incompatível com a dignidade que lhe é exigível." Este é, pois, um regime que, por maioria de razão, se deveria estender a todos os funcionários do Estado.
O primeiro-ministro certamente não ignorará o que dele se dirá no quartéis, nas salas de professores das escolas, nos hospitais e, em geral, nas repartições públicas do país. E, nem por isso, daí vem nenhum mal especial para o funcionamento dos órgãos do Estado e da administração.
Em contrapartida, o procedimento disciplinar instaurado ao professor Fernando Charrua será (sobretudo se acarretar qualquer sanção) um convite à generalização da delação entre os funcionários públicos.Há no aparelho de Estado, sobretudo na administração pública, pulsões liberticidas e de delação que urge combater. Essas pulsões têm as suas raízes na cultura dominante no Estado Novo. O que havia de pior nesses tempos de tirania não era a actuação repressiva das polícias ou de outros organismos de vigilância e protecção do regime. O que havia de pior era, precisamente, a existência dos "informadores", dos "bufos", ou seja, de pessoas aparentemente normais, que se sentavam à nossa mesa, que entravam nos nossos gabinetes e até nas nossas casas, com quem por vezes se tinha conversas reservadas e até íntimas, mas que, depois, traiçoeiramente, pela calada, iam comunicar essas conversas à polícia ou aos superiores hierárquicos.
É essa actuação ignóbil, é, em suma, essa imensa ignomínia, que urge banir definitivamente da sociedade portuguesa e da administração pública. E a melhor forma de o fazer é, para começar, não compactuar com as suas manifestações em nenhuma circunstância. A melhor forma de combater essa abjecção é fazer precisamente o contrário do que fizeram a directora da DREN (ao instaurar o processo disciplinar a Fernando Charrua) e o primeiro-ministro e a ministra da Educação (ao manterem em funções essa zelosa e perseguidora funcionária). É essa actuação ignóbil, é, em suma, essa imensa ignomínia, que urge banir definitivamente da sociedade portuguesa e da administração pública. E a melhor forma de o fazer é, para começar, não compactuar com as suas manifestações em nenhuma circunstância. A melhor forma de combater essa abjecção é fazer precisamente o contrário do que fizeram a directora da DREN (ao instaurar o processo disciplinar a Fernando Charrua) e o primeiro-ministro e a ministra da Educação (ao manterem em funções essa zelosa e perseguidora funcionária).» [Público assinantes]
A. Marinho e Pinto, advogado
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