segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Proposto três vezes para Prémio Nobel da literatura é um dos escritores que melhor souberam interpretar Portugal. O Governo não se fez representar ..



A Um Negrilho

Na terra onde nasci há só um poeta.

Os meus versos são folhas dos seus ramos.

Quando chego de longe e conversamos,

É ele que me revela o mundo visitado.

Desce a noite do céu, ergue-se a madrugada,

E a luz do sol aceso ou apagado

É nos seus olhos que se vê pousada.

Esse poeta és tu, mestre da inquietação

Serena!

Tu, imortal avena

Que harmonizas o vento e adormeces o imenso

Redil de estrelas ao luar maninho.

Tu, gigante a sonhar, bosque suspenso

Onde os pássaros e o tempo fazem ninho!

Miguel Torga (12-08-1907 17-01-1995)

S. Martinho de Anta, 26 de Abril de 1954.

Vim ver a azálea e o negrilho. Ambos rujuvenesceram, depois de um pânico ameaço de morte. E quis, supersticiosamente, verificar de perto a ressurreição que alvoroçadamente me foi anunciada.

Miguel Torga (12-08-1907 17-01-1995)

S. Martinho de Anta, 29 de Abril de 1990.

Celebra-se hoje (12 Agosto) o centenário do nascimento de Miguel Torga, celebração que tem o seu auge na cidade de Coimbra. Proposto três vezes para Prémio Nobel da literatura é um dos escritores que melhor souberam interpretar Portugal. O Governo não se fez representar nesta efeméride. Não merece nenhum comentário esta ausência. A dimensão da obra e vida deste escritor fala por si.

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