Na verdade, o que há de bom e o que se revela de ruim, quando se fala de grandes números, numa sociedade vasta, é muitas vezes transversal.

A vida é bem mais complexa. O branco, o preto e a cinza são muito redutores.

A propósito do Abaixo-Assinado presente em Avante, Jornal do PCP, aqui, é importante recordarmos que os ataques à liberdade e à democracia surgem nos aspectos e nos lugares e momentos mais imprevisíveis da vida nacional.

Decorrem de posturas autoritárias e de falta de cultura e prática democráticas.

E acompanham em geral as piores práticas de governação, contra a Lei e contra os direitos dos Cidadãos.

Práticas de igual modo em geral a favor da escuridão e das grandes negociatas onde a ética e a transparência não abundam de todo.

Aí, a limitação às liberdades surge como uma autodefesa, como uma reacção dos poderes do mau governo contra a resistência cidadã.

E essas são nódoas que podem manchar qualquer pano, mesmo os mais insuspeitos.

Aliás, seria uma tontearia imaginar alguém que o sector A só tem toalhas de pano alvo, e o sector B só possui toalhas de pano conspurcado.

Na verdade, o que há de bom e o que se revela de ruim, quando se fala de grandes números, numa sociedade vasta, é muitas vezes transversal.

Pode tocar a todos.

E de facto, toca

Veja-se o caso flagrante do Município da Moita.

Muitas mais assinaturas com peso institucional local poderão ainda reforçar a já existente listagem e engrossar este Abaixo-Assinado Em defesa da liberdade e da democracia.

Isso não nos livra contudo do facto de um dos maiores perigos para a liberdade e a democracia, aqui e agora, nos chegar do mau governo local, em coro com as piores tendências e com a maior incúria e desleixo na defesa do interesse público, aqui e no aparelho de estado central, à mistura com ameaças globais como as referidas, que também a nós tanto todas afligem.