Pantrampismo
António Arnaut, fundador do PS, ex-Ministro dos Assuntos Sociais, militante socialista número 4, o "pai" do Serviço Nacional de Saúde, arrasa PS e Governo em entrevista à Visão. As suas palavras são o desencanto de um homem que acreditou numa sociedade melhor, justa e fraterna. A análise desassombrada que faz do actual PS, e as considerações que tece à fraca gente que se instalou na política e no poder, poderiam estender-se a qualquer outro partido político nacional.
Com gente desta, mais vale ninguém. Deixo-vos com um extracto da entrevista:
- Como descreve a geração que está no poder?
É um produto das circunstâncias. Noto falta de cultura cívica. É gente sem reflexão sobre os comportamentos, a arte, a literatura e a história do nosso povo. A cultura é uma sabedoria que se recolhe da experiência vivida. Muitos deles não têm uma ideia para Portugal, não conhecem o País. Vivem do imediatismo, da conquista do poder. Conquistado, vivem para aguentá-lo. Esta geração vale-se mais da astúcia do que da seriedade. E aprendeu os ensinamentos de Maquiavel.
- E no poder, há mais papistas que o Papa?
Os bajuladores existem. Você habitua um cão e ele está-lhe sempre à perna. Mesmo que lhe bata! O cacique, por outro lado, já tem de ser alimentado de outra maneira. Precisa de umas iguarias e quer manter a máquina e o aparelho a funcionar. Conheço o caso de um sujeito que comprou o lugar. Deu dinheiro ao partido para ser deputado. E o PS aceitou, pô-lo na lista! A condição era estar lá seis meses para satisfazer a vaidade.
- Pantrampismo?
Pantrampismo, tudo é trampa! Temos de viver com a trampa, mas escolher os espaços livres e limpos. Mesmo a Justiça já está contaminada pela corrupção e influências. E meto nisto a PJ, Ministério Público, juízes e advogados. A Justiça foi permeável aos ventos dominantes.
- No social, há sinais graves: nos supermercados pedem-se aparas de frango e as marmitas regressaram às empresas...
E aqui em Coimbra há muita gente a ir à sopa dos pobres! Tenho amigos no Banco Alimentar e como maçon sei a que carências a maçonaria tem acudido. Já não é só um problema de pobres, chegou ao empregado de escritório. É uma depressão económica e psíquica que abala os alicerces do País. Sobretudo quando, da parte de quem governa não há palavras de conforto nem um comportamento à medida do que o País precisa. Mesmo assim, há gastos sumptuários, grandes festas e inaugurações.
- As pessoas também se endividam em nome de outros «valores»...
A banca tem grande responsabilidade no endividamento. O Governo que assuma a soberania! A banca tem uma função social importante, mas não pode ter lucros fabulosos, quase não pagar impostos, esfolar vivas as pessoas e ainda ir ver se há alguma coisa depois de mortas! No fundo, o capitalismo selvagem gerou novas formas de escravatura. Um país sozinho não pode defender-se disso, mas não me conformo: há uma verdadeira ditadura do capital sobre o trabalho. Nem Salazar permitiu o domínio do Estado pelos capitalistas.
Entrevista completa [Aqui]
Com gente desta, mais vale ninguém. Deixo-vos com um extracto da entrevista:
- Como descreve a geração que está no poder?
É um produto das circunstâncias. Noto falta de cultura cívica. É gente sem reflexão sobre os comportamentos, a arte, a literatura e a história do nosso povo. A cultura é uma sabedoria que se recolhe da experiência vivida. Muitos deles não têm uma ideia para Portugal, não conhecem o País. Vivem do imediatismo, da conquista do poder. Conquistado, vivem para aguentá-lo. Esta geração vale-se mais da astúcia do que da seriedade. E aprendeu os ensinamentos de Maquiavel.
- E no poder, há mais papistas que o Papa?
Os bajuladores existem. Você habitua um cão e ele está-lhe sempre à perna. Mesmo que lhe bata! O cacique, por outro lado, já tem de ser alimentado de outra maneira. Precisa de umas iguarias e quer manter a máquina e o aparelho a funcionar. Conheço o caso de um sujeito que comprou o lugar. Deu dinheiro ao partido para ser deputado. E o PS aceitou, pô-lo na lista! A condição era estar lá seis meses para satisfazer a vaidade.
- Pantrampismo?
Pantrampismo, tudo é trampa! Temos de viver com a trampa, mas escolher os espaços livres e limpos. Mesmo a Justiça já está contaminada pela corrupção e influências. E meto nisto a PJ, Ministério Público, juízes e advogados. A Justiça foi permeável aos ventos dominantes.
- No social, há sinais graves: nos supermercados pedem-se aparas de frango e as marmitas regressaram às empresas...
E aqui em Coimbra há muita gente a ir à sopa dos pobres! Tenho amigos no Banco Alimentar e como maçon sei a que carências a maçonaria tem acudido. Já não é só um problema de pobres, chegou ao empregado de escritório. É uma depressão económica e psíquica que abala os alicerces do País. Sobretudo quando, da parte de quem governa não há palavras de conforto nem um comportamento à medida do que o País precisa. Mesmo assim, há gastos sumptuários, grandes festas e inaugurações.
- As pessoas também se endividam em nome de outros «valores»...
A banca tem grande responsabilidade no endividamento. O Governo que assuma a soberania! A banca tem uma função social importante, mas não pode ter lucros fabulosos, quase não pagar impostos, esfolar vivas as pessoas e ainda ir ver se há alguma coisa depois de mortas! No fundo, o capitalismo selvagem gerou novas formas de escravatura. Um país sozinho não pode defender-se disso, mas não me conformo: há uma verdadeira ditadura do capital sobre o trabalho. Nem Salazar permitiu o domínio do Estado pelos capitalistas.
Entrevista completa [Aqui]
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