domingo, 12 de agosto de 2007

Adquiriram o terreno à proprietária por 1,072 milhões de euros e, 6 dias depois, venderam-no aos STCP por 4 milhões de Euros, após "mexida camarária"



















Major Valentim Loureiro, um Autarca que muitos olham a partir da Moita como "Autarca Modelo"

Informa o DN online:


O negócio da Quinta do Ambrósio foi um dos principais motivos que levaram ontem a Polícia Judiciária (PJ) a realizar buscas na Câmara de Gondomar, segundo apurou o DN. Os investigadores recolheram o Plano de Urbanização de Fânzeres, onde se insere o terreno em causa, cuja compra e venda, em 2001, é alvo de uma investigação da PJ há mais de um ano. As quatro equipas da PJ, no total de nove agentes, estiveram no edifício durante o dia munidas de cinco mandados de busca, e levaram vários documentos.

A compra e venda da Quinta do Ambrósio envolveu Jorge Loureiro (filho de Valentim Loureiro), José Luís Oliveira (vice da câmara) e Laureano Gonçalves (advogado e ex-dirigente do Boavista). Adquiriram o terreno à proprietária por 1,072 milhões de euros e, seis dias depois, venderam-no à Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP) por quatro milhões, com a câmara a desafectar depois, os terrenos da Reserva Agrícola Nacional e permitir a sua urbanização para equipamentos.

Numa jogada de antecipação, Valentim Loureiro chamou ontem os jornalistas para uma conferência de imprensa às 13.00, onde desvalorizou a acção da PJ, alegando que está "relacionada com vários inquéritos em curso e que até julgava já resolvidos". Não deixou de criticar o show-off da operação - "Não tem nada de inocente", disse, aludindo à situação na Câmara de Lisboa -, e dizer que foi efectuada na sequência de diligências feitas pelo procurador-adjunto de Gondomar, Carlos Teixeira.

Aliás, o presidente da câmara de Gondomar admitiu "que uma das buscas terá a ver com as certidões que foram extraídas do Apito Dourado". Em causa estará a utilização de uma funcionária da autarquia, advogada e sobrinha de Valentim Loureiro, para, em 2006, fotocopiar a acusação do processo no Tribunal de Gondomar, alegando que estava de férias. Para esclarecer a situação, os inspectores da PJ levaram o mapa de férias da funcionária. "Procuraram esclarecer o aluguer de uma fotocopiadora para o tribunal, feita pelo meu advogado", referiu Valentim.

Outras investigações que originaram as buscas dizem respeito "à construção de um parque de estacionamento no Largo Luís de Camões", tendo sido recolhidos os respectivos contratos, "ao alojamento de uma família numa habitação social" e a diversas "obras municipais, tendo sido levados documentos da tesouraria", explicou o autarca. Os inspectores procuraram ainda levar um registo das movimentações da viatura do presidente, mas "tal não foi possível, porque nunca se fez esse registo aqui em Gondomar", explicou.

Valentim Loureiro referiu ainda que os inspectores da PJ levaram documentação relativa a "um processo de urbanização", não esclarecendo qual. Ao que o DN apurou, apesar de a investigação decorrer há mais de um ano, só agora a PJ recolheu a documentação do Plano de Urbanização de Fânzeres, onde se encontra o terreno adquirido pela STCP.

O terreno em causa pertencia a Ludovina Castro. Em finais de 2000, a sua filha, segundo declarações prestadas ao JN em Dezembro passado, negociou com Valentim Loureiro a venda do terreno e o major terá garantido que não se destinava a construção. O preço acordado foi um milhão de euros. Mas, a 15 de Março de 2001, a família passa uma procuração a Laureano Gonçalves, conferindo todos os poderes para venda. Seis dias depois é vendido à STCP por quatro milhões de euros.

O caso ganha maior complexidade quando a Inspecção Tributária detectou que os três vendedores do terreno só declararam a sisa entre 2004 e 2005, já depois de desencadeado o Apito Dourado, no qual foram apreendidos documentos suspeitos na casa de José Luís Oliveira. A PJ efectuou mesmo, no ano passado, buscas nas residências dos intervenientes no negócio

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