O Blogue Notícias da Aldeia noticia sobre a Conferência da Moita:
Segunda-feira, Maio 14, 2007
O negócio que cai do céu
Conferência Nacional sobre a Política de Solos, Mais Valias Urbanísticas e Ordenamento do Território
Um grupo de cidadãos da Várzea da Moita, após a revisão do PDM local - que duplicou a área urbanizável - decidiu constituir-se em movimento e organizar uma conferência subordinada ao tema Política de Solos, Mais Valias Urbanísticas e Ordenamento do Território. Pela primeira vez, estas matérias serão discutidas de forma abrangente, fora da esfera política e dos interesses económicos subjacentes a um negócio que, pela simples alteração de estatuto, os solos, podem gerar mais valias milionárias. Um exemplo recente é o da Quinta do Ambrósio que envolve Jorge Loureiro (filho de Valentim Loureiro), José Luís Oliveira (vice da câmara) e Laureano Gonçalves (advogado e ex-dirigente do Boavista) que adquiriram o terreno à proprietária por 1,072 milhões de euros e, seis dias depois, venderam-no à Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP) por quatro milhões, com a câmara a desafectar depois, os terrenos da Reserva Agrícola Nacional e permitir a sua urbanização para equipamentos.
Diria eu que o governo da nossa vida, é demasiado importante para ser deixado aos políticos. Estes, já fizeram prova de incapacidade suficiente e, provocaram já estragos cuja reparação em muito ultrapassará o tempo das nossas vidas, o dos nossos filhos e netos. É tempo de dizer basta! Cada um de nós deve - tem - de exercer o dever de cidadania e participar na construção de um país melhor e uma sociedade mais justa, conceitos que a generalidade dos políticos desconhece ou, convenientemente, esquece.
O solo é um bem precioso que não se pode produzir, duplicar ou esticar. O que existe tem por isso um valor social e económico elevadíssimo, sendo determinantes para a nossa qualidade de vida. Por isso é alvo de cobiça, negociatas, trafulhices, especulação e, moeda de troca. As autarquias vivem da construção, sendo esta a sua principal fonte de receitas pelo que, a ordem instituída é; betão para a frente. Enquanto os centros das nossas cidades se vão degradando e desertificando, os patos bravos da construção fazem aprovar e construir, em qualquer cabeço, novas urbanizações, na generalidade, caixotes de betão de acesso difícil que albergam vidas humanas, sem quaisquer critérios de qualidade, dignidade ou respeito pelo ambiente.
A política de solos em Portugal - a existir - é um desastre que vive dos interesses pontuais do poder, ou das necessidades de financiamento político e/ou autárquico. Uma qualquer área que ontem seria protegida, passa a urbanizável da noite para o dia em nome de um qualquer projecto designado de interesse nacional, mesmo que não tenha qualquer interesse. Basta dar uma vista de olhos aos projectos previstos para a costa Vicentina e ficamos esclarecidos. A concretizarem-se, teremos de deixar de beber água ou tomar banho para se poder regar tanto campo de golfe.
A questão da Várzea da Moita é a estória dos Kiwis em Canelas, numa outra versão. Na sua denúncia, é diferente; aqui, apenas eu me insurgi. Lá, um grupo de cidadãos, independentes de partidos políticos, decidiu contestar o que atenta à sua qualidade de vida e ao que considera ser o interesse nacional.
Desejo que o seu exemplo frutifique e que todos passemos a exercer o nosso direito e dever de cidadania, julgando e responsabilizando os políticos pelos seus erros e pelos prejuízos que causam às nossas vidas.
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