quarta-feira, 25 de julho de 2007

"Lamentando a «tradição governamentalista», que leva um partido, quando está no Governo, a transformar o «seguidismo» «em virtude».


"A crítica é olhada com suspeita, e o seguidismo é transformado em virtude", diz Manuel Alegre no Público de 25 Julho '07, onde emite Opinião sob o título
"Contra o medo, Liberdade!"

Manuel Alegre ataca Sócrates e o «medo de discordar»


O deputado socialista Manuel Alegre escreve, esta quarta-feira, um artigo de opinião no jornal Público, no qual denuncia um «clima propício» ao cerceamento das liberdades e reclama que «o PS não pode auto-amordaçar-se».


Afirmando-se «agora e sempre contra o medo, pela liberdade», o histórico socialista defende que «no PS sempre houve sensibilidades, contestatários, críticos, pessoas que não tinham medo de dizer o que pensam e de ser contra quando entendiam que deviam ser contra», sendo que, agora há o «medo de pensar pela própria cabeça, medo de discordar, medo de não ser completamente alinhado».


São «casos pontuais», reconhece o vice-presidente da Assembleia da República, mas, mesmo assim, «inquietantes», porque relevam de «um clima propício a comportamentos com raízes profundas na nossa história, desde os esbirros do Santo Ofício até aos bufos da PIDE».


De resto, os ataques de Alegre às políticas seguidas pelo Governo de José Sócrates são muitos:


  • à «progressiva destruição do Serviço Nacional de Saúde»;

  • ao regime do vínculo da Administração Pública;

  • ao Estatuto dos Jornalistas;

  • ao «precedente grave» do cruzamento de dados na função pública;

  • à «tendência privatizadora» de «sectores estratégicos», como a electricidade, a água e o ensino superior.


«Não tenho qualquer questão pessoal com José Sócrates, de quem muitas vezes discordo mas em quem aprecio o gosto pela intervenção política.


O que ponho em causa é a redução da política à sua pessoa», refere Alegre, lamentando a falta de «alternativas à sua liderança», dentro do próprio PS, mas também no PSD.


No artigo publicado no Público, Manuel Alegre recusa o «álibi» nacional da «necessidade de reduzir o défice» e também «o álibi da presidência da União Europeia» - que, até agora, merece o seu «aplauso».


«O que não merece palmas é um certo estilo parecido com o que o PS criticou noutras maiorias», contrapõe, lamentando a «tradição governamentalista», que leva um partido, quando está no Governo, a transformar o «seguidismo» «em virtude».


Analisando as eleições presidenciais - nas quais ele próprio, concorrendo sem apoio partidário, obteve mais de 20% dos votos - e as intercalares de Lisboa - em que Helena Roseta e Carmona Rodrigues concorreram como independentes e somaram cerca de 27% dos votos -, Alegre diz que os cidadãos demonstraram, com a abstenção ou o voto, que «há mais vida para além das lógicas de aparelho».


25-07-2007 9:20:25

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