Bater em Panelas
Participar na discussão da proposta de um Plano Director Municipal (PDM) é um dever de todos. Em causa está o futuro do município onde (se) vive. No caso da Moita do Ribatejo, um movimento de cidadãos começou por não aceitar a proposta de os terrenos onde reside ser classificada como Reserva Ecológica Nacional. Tratava-se da troca de estatuto com uma outra zona que iria (ou irá) ser classificada como zona urbanizável. Este movimento de munícipes, que domina tecnicamente bem a proposta de revisão, alcançou grande visibilidade ao colocar o dedo na ferida: as mais-valias urbanísticas, a arte de, por uma mero acto administrativo, dotar um conjunto restrito de pessoas com a “sorte grande”.
A denúncia sistemática desta proposta chegou às mais altas instâncias, foi recebida por todos os grupos parlamentares, pela Casa Civil do Senhor Presidente da República, interessando jornalistas de referência que publicaram reportagens insuspeitas e deixaram a Moita do Ribatejo
João Lobo, Presidente da Câmara Municipal da Moita do Ribatejo, membro do Partido Comunista (PC) que com o Partido “Os Verdes” efectuou a eterna aliança CDU (um caso histórico de empatia política que merece ser estudado), que proclama a democracia participativa na letra dos Outdoors, refere-se a esta acção de cidadania de uma forma que merece ser analisada. Na interpretação que faço das suas palavras, este movimento só é ouvido porque vai para a Praça da República bater em panelas.
Não precisou de bater em panelas porque, apesar de tudo não ser perfeito, Portugal vive numa democracia e é membro da União Europeia.
publicado em terça-feira, 10 de Julho de 2007 no Blogue A Cidade e as Serras, editado por Luís Carloto Marques, Deputado à Assembleia da República, Dirigente do MPT – Partido da Terra e membro do Grupo Parlamentar do PSD
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