quinta-feira, 17 de maio de 2007

Dizem que deveria ser uma espécie de democracia de sentido único…









Dizem que deveria ser uma espécie de democracia de sentido único…

Um dirigente local e regional do PCP, Cidadão que exerce funções elevadas junto da direcção política da Câmara Municipal da Moita, escreveu uma frase extraordinária nas últimas horas, numa discreta caixa de comentários de um Blogue local:

“Acho interessante o tema da conferência, algumas intervenções anunciadas parecem ter muito interesse e isso acho positivo o que não acho positivo é a forma como alguns elementos do movimento comentam a Revisão PDM e a actuação da Câmara, comparando-a com algumas actuações "mediáticas" de outros municípios. Não acho positivo, entendo que é de lamentar e isso por si já é motivo para eu não participar na Conferência.”

Ocorrem-nos a este propósito pensamentos em catadupa. Para sermos breves, vejamos apenas três ou quatro considerações:

Primeiro:

É positivo que este nosso concidadão diga finalmente algo sobre a Conferência da Moita sobre Política dos Solos. Na verdade, enviámos-lhe educados e amistosos convites na forma de dezenas de mensagens reiteradamente encaminhadas para os seus diversos endereços, às datas de 16 Maio 2007, 13 Abril, 7 Abril, 24 Março e16 Março 2007. Apesar de se tratar de alguém muito prolixo, com opinião publicada em tudo quanto é expositor público, nunca nos respondeu, nem nos agradeceu o convite, nem nos disse nem água vai, nem água vem. Por isso, podermos ler o que pensa num local discreto sobre a Conferência, já é qualquer coisinha.

Segundo:

O que conclui (“…Não acho positivo, entendo que é de lamentar e isso por si já é motivo para eu não participar na Conferência….”) não corresponde à linha de intervenção social e política do seu Partido, nem presente, nem passada. Ainda recentemente, o PCP protestou e bem por não poder expressar na primeira pessoa as suas opiniões, num forum na RTP para o qual não fora convidado, e onde estavam diversas personalidades com opiniões aqui convergentes, ali divergentes das posições do PCP. O slogan da sua contestação foi “Basta de discriminação: Não calam a voz do PCP”. Pelos vistos, aqui entre nós, é o PCP local que instado a falar, afinal se cala e nada diz, mau grado ser sempre e vezes sem conto naturalmente convidado.

Terceiro:

Se vingasse como regra e fosse por todos aceite como boa e normal essa conclusão (“…Não acho positivo, entendo que é de lamentar e isso por si já é motivo para eu não participar na Conferência….”), isso significaria a morte do debate de ideias e do concerto democrático entre todos iguais, todos diferentes, numa terra de muitas e desvairadas gentes. Na verdade, e apenas em relação à Conferência da Moita sobre Política dos Solos, imagine-se que em simultâneo os representantes do Bloco de Esquerda, e do Jornal da Nova Democracia, diziam que não participariam uns, por causa das divergências com os outros. De igual modo, um Jurista de reconhecido mérito, mas ligado a um Partido de extrema esquerda, e um representante da Real Associação de Lisboa, não vinham tampouco nem uns, nem os outros, por divergirem nos pontos A e B. Multiplique-se isso pelos casos dos Deputados presentes, quer do MPT – Partido da Terra, do Partido Socialista, do CDS-PP ou do PSD. E acrescente-se os Investigadores e Professores Universitários cujas teses científicas são tantas vezes divergentes, e até contraditórias. Resultado? Ninguém falaria com ninguém, seria o bloqueio democrático total. Felizmente que esse cenário, entre nós, não existe, apesar de uma ou outra andorinha faltar à chamada e não aceitar a correcção do nosso convite, do nosso desafio. Felizmente que a democracia que temos, pobre, maltratada e iníqua, não é apesar de tudo uma democracia de sentido único.

Quarto:

Fica igualmente implícito do que escreve aquele Cidadão que não é positiva a forma como se comenta aqui entre nós a Revisão do PDM e a intrigantíssima posição da Câmara Municipal em todo o Processo de Revisão. Esclarece-se que em nossa opinião é deveras positivo que quem nos critica o possa assim expressar. Triste é que classifique como negativa nossa intervenção cidadã, que até poderia assentar em análises erradas, mas mesmo assim seria de incentivar e saudar como vontade genuína de participarmos na gestão da nossa cidade e dos campos onde habitamos e tantos trabalham a terra e criam gado. Simplesmente, as nossas análises não são tão erradas assim, a nossa luta contra as más práticas de governação assenta na defesa da lei e na defesa de interesses legítimos de maiorias que clamam por justiça, equidade e transparência, pela lei e contra a escuridão. E representantes locais de Partidos com larga tradição nesta esteira só podem, só poderiam saudar, compreender e apoiar a nossa resistência cívica.

Para tal, a todos incessantemente clamamos por solidariedade.

Na Moita, recebemos apoio e ajudas da parte de todos, menos dos 2 Partidos do poder local.

Obs.: O que mais ali se escreve, é só conversa do género coisa mole, frouxa, escondida nas dobras de uma caixa de comentários, tão pobre de razões e sem nexo. Pena é que quem de nós diverge, não nos responda e do nosso convívio e diálogo fuja, e logo a sete pés, e à força toda.

Sem comentários:

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Neste espaço surgirão artigos e notícias de fundo, pautadas por um propósito: o respeito pela Lei, a luta contra a escuridão. O âmbito e as preocupações serão globais. A intervenção pretende ser local. Por isso, muito se dirá sobre outras partes, outros problemas e preocupações. Contudo, parte mais significativa dos temas terá muito a ver com a Moita, e a vida pública nesta terra. A razão é uma: a origem deste Blog prende-se com a resistência das gentes da Várzea da Moita contra os desmandos do Projecto de Revisão do PDM e contra as tropelias do Processo da sua Revisão, de 1996 até ao presente (2008...) Para nos contactar, escreva para varzeamoita@gmail.com