sábado, 6 de setembro de 2008

Ontem valoroso. Hoje medroso. Mau... não se percebe...ou será que foi e é simplesmente mentiroso?


Gente da nossa terra:

Manuel B., ilustre munícipe da Moita, desaparecido vai para mais de 24 horas…

· Manuel B. apresentou-se a debate como um antigo preso político durante 7 anos às ordens de Salazar e Caetano. Terá sido?

· E como um amigo na Moita do Partido Comunista, porventura militante mesmo. Será que será?

Retirado, com a devida vénia, do Blogue Alhos Vedros ao Poder

1. A notícia é-nos relatada na 1ª pessoa: antigo preso político antifascista reside no Concelho da Moita

Ficamos a saber, pela Caixa de Comentários do post “Esqueceram-se de dar corda ao relógio”, in Alhos Vedros ao Poder, que vive no concelho da Moita um nosso concidadão de nome Manuel B.

Manuel B. é o nome escondido desse nosso concidadão.

Foi no passado um antifascista corajoso, já lá vão mais de 41 anos, e pagou o seu arrojo revolucionário com 7 anos de prisão, ao que nos diz.

Hoje contudo virou situacionista, e é agora alguém muito medroso.

Disso retirando afinal uma vantagem principal: pode defender com as armas mais sujas a política seguida na Moita pela Câmara Municipal.

E como é pessoa que não ousa dar o seu nome por inteiro, pode fazê-lo ao bom estilo trauliteiro.

A presente reflexão parte assim pois de um facto menor, uma reles alarvidade de Manuel B., ou lá como se chama o dito Senhor, para se demorar um pouco mais sobre a guarda avançada, a tropa de choque ideológico que aqui na Moita defende o Partido Comunista.

Uma defesa que é uma miséria total, como adiante se verá afinal.

2. Mas que raio de política defende afinal o Senhor Manuel B.?

Manuel B. defende um governo local, onde a força política maioritária é o Partido Comunista.

Manuel B. ufana-se com a Festa do “Avante!”, iniciativa do PCP.

Logo, seria lógico concluir-se que Manuel B. defende e serve a política do PCP.

É aliás de imaginar que, tal como os eleitos da Partido Comunista à testa da Câmara Municipal da Moita, também Manuel B. se passeie por aí com um emblema do PCP ao peito, reluzente e bem visível.

Defende e serve pois o Senhor Manuel B. a política do PCP?

Parece.

3.Nem tudo o que parece é

Acontece que na vida, muitas coisas há ao alcance da nossa visão, que parecem, mas não são.

Será porventura o caso de Manuel B. e daqueles que ele parece na Moita defender.

4. O caso das liberdades e da participação cívica das pessoas

O que diz o Partido Comunista sobre a participação das populações na vida política democrática?

Entre outras coisas, diz o Programa do PCP[1]: Exige a organização do poder político de molde a prevenir e a impedir actuações ilegais e arbitrárias dos órgãos respectivos e a assegurar a participação popular nas decisões da política nacional.

É aliás isso o que o PCP sói defender noutros lugares.

Na Moita, o poder local dá-se mal com a participação popular e, não a podendo controlar, em vez de se regozijar com a participação cívica das pessoas, vira-lhe as costas, chega mesmo a sair pela porta dos fundos ou simplesmente silencia-a com artificialismos ilegais e outras formas de tentar sem êxito fazer calar as populações.

Como se posiciona afinal Manuel B., outrora muito corajoso, ao ponto de ter pago cara a sua coragem com 7 anos de cárcere no tempo do fascismo, mas hoje muito medroso, tanto que até da própria sombra foge e com o próprio nome revelado em público agora se apavora?

Bem, Manuel B. defende os eleitos do Partido Comunista na Câmara da Moita, e fá-lo contra a política tradicional do PCP, contra a tese oficial do Programa do PCP.

5. O caso da especulação urbanística

Quais as posições políticas do Partido Comunista em geral sobre esta matéria?

Bem, Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do Partido Comunista, relembrou-as a 28 de Agosto passado em Alcochete.

E o Jornal “Avante!” escreve sem surpresas sobre elas recorrentemente, quer denunciando os negócios muito nebulosos sobre a matéria.

Na linha aliás do Programa do PCP, que diz[2] com clareza que “o direito à habitação será assegurado pela realização de uma política de combate às carências de habitação e a aplicação de uma política de solos e de ordenamento territorial que crie solos e zonas urbanas com qualidade, e infraestruturas não sujeitas à especulação”.

Na Moita, é tudo bem ao contrário. A especulação financeira e fundiária não precisa aqui nem de atacar pela calada da noite, nem de apanhar boleia numa qualquer Empresa Pública, em vésperas ou antevésperas de privatização. Os especuladores actuam aqui em acordo oficial com o governo local, com documentação, e mais documentação e mais ainda toda a papelada devidamente protocolizada.

Histórias de passagem da noite para o dia de valores de solos rurais, em reserva agrícola e em reserva ecológica, dos 40 mil contos a 1 milhão de contos, ou noutros casos aos mais de 5 milhões de contos, mediante uma assinatura e um carimbo da Câmara Municipal, ao abrigo das mui famosas cláusulas nº 3 dos ainda mais famosos Protocolos.

Como se posiciona afinal Manuel B., outrora muito corajoso, mas hoje muito medroso?

Bem, Manuel B. defende os eleitos do Partido Comunista e a mais reles política nesta matéria na Câmara da Moita realizada, e fá-lo contra a política tradicional do PCP, contra a tese oficial do Programa do PCP.

6. O caso da enorme transparência na vida política local, ou da falta total dela

Quais as posições políticas do Partido Comunista em geral sobre esta matéria?

Bem, aí o PCP é mais uma vez claro, quando escreve[3] por exemplo contra todo “ o historial de fraudes, subavaliações, leilões, esbulhos, casos de corrupção, entrega de milhões de contos de dinheiros do Estado e especulações…”, entre numerosas outras denúncias no seu Programa de todo o tipo de corrupção.

Na Moita, contudo e para não variar, é tudo mais uma vez bem ao contrário. A escuridão e a opacidade na vida pública são por demais. Peças chaves na Administração são por acaso premiadas pelos grandes beneficiários das decisões da própria Administração, seja em importantes acordos, seja em sensíveis redefinições do solo concelhio. Com as consequentes nomeações à maneira.

E isto pode ser apenas a ponta visível de um “iceberg” que os Cidadãos não têm nem meios nem alvará para descortinar, e que as Autoridades competentes até ao momento se revelaram aparentemente incompetentes para desbobinar.

Como se posiciona afinal Manuel B., outrora muito corajoso, mas hoje muito medroso?

Bem, Manuel B. defende os eleitos do Partido Comunista e a mais reles política de obscurantismo e de silêncio forçado, impostos pelo Presidente da Câmara da Moita nesta como noutras matérias, e fá-lo contra a política tradicional do PCP, contra a tese oficial do Programa do PCP.

7. O caso da política de 2 pesos e 2 medidas, forte contra os fracos e agachada diante dos fortes

Quais as posições políticas do Partido Comunista em geral sobre esta matéria?

Bem, o PCP no seu Programa é claro, quando escreve[4] que é seu objectivo supremo a construção de “uma sociedade nova liberta da exploração do homem pelo homem, da opressão, desigualdades, injustiças e flagelos sociais”, e logo depois acrescentar[5] a importância da “eliminação de muitas das mais graves desigualdades, discriminações e injustiças sociais e para a construção de uma nova sociedade democrática”.

Na Moita, é tudo bem ao contrário. Trata-se de uma terra pequena, mas com pioneirismos de grande significado na escola do mau governo. Uma das cartas onde a governação local na Moita é mestra é a prática da política de 1 concelho, com 2 regimes: o regime da mãozinha leve e simpática para com os poderosos, e o regime da galfarra arrogante e ditatorial contra os fracos e aqueles que não têm poder de “lobby”.

Como se posiciona afinal Manuel B., outrora muito corajoso, mas hoje muito medroso?

Bem, Manuel B. defende os eleitos do Partido Comunista e a mais miserável política de 2 pesos e 2 medidas praticada nesta matéria pela Câmara da Moita realizada, e fá-lo contra a política tradicional do PCP, contra a tese oficial do Programa do PCP.

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8. O caso da desclassificação ambiental onde faz falta, e da protecção de fingir onde não é preciso

Quais as posições políticas do Partido Comunista em geral sobre esta matéria?

Bem, o PCP no seu Programa não deixa margem para dúvidas, ao escrever[6] que é preciso “assegurar a tutela dos interesses colectivos (em domínios como o ambiente)”, e ao acrescentar[7] a urgência da construção de uma sociedade onde, entre outros aspectos, impere “um ambiente ecologicamente equilibrado e respeito pela pessoa humana.”

Ora, na Moita, isso deve ser visto e entendido não olhando para o Programa do PCP, mas colocando-o frente a um espelho e lendo o que a superfície espelhada do dito nos devolve. Aqui, é tudo ao contrário. A orientação política em termos ambientais da Câmara da Moita tem uma trave mestra, que é a da mudança do uso do solo à grande e à fartazana, desde que seja ao serviço dos especuladores financeiros e fundiários, que adoram comprar a tostão e valorizar a milhão. Tudo o mais deve servir os objectivos dessa trave mestra, mesmo que tal signifique aligeirar a guarda ecológica de centenas de hectares em solo rural, em reserva agrícola e ecológica, com perdas ambientais irrecuperáveis, e que para enganar o governo de Lisboa seja preciso criar alternativas risíveis e de fingir, tretas que só engolem dirigentes políticos preguiçosos (porque não lêem), ou tolinhos (porque não vêem), de costas viradas contra o povo (porque querem), ou feitos à jogada (porque dizem, no jogo é sempre para ganhar).

Como se posiciona afinal Manuel B., outrora muito corajoso, mas hoje muito medroso?

Bem, Manuel B. defende os eleitos do Partido Comunista e a mais falaciosa política de tapa olhos que na matéria a Câmara da Moita pretende a todo o custo, e com alto patrocínio, promover, e fá-lo contra a política tradicional do PCP, contra a tese oficial do Programa do PCP.

9. Concluindo: o poder cega, e muito poder cega muitíssimo. O poder absoluto chega por vezes a cegar completamente.

A Moita é um terra sem lei, onde o poder local actua sob o emblema e a bandeira de um Partido político conhecido pelas suas posições tradicionais de luta ao lado dos mais fracos, dos deserdados, daqueles que sozinhos não conseguem fazer ouvir a sua voz, contra a injustiça, a exploração, a corrupção e as maiores desigualdades, injustiças e desmandos sociais.

Confuso?

Parece contraditório?

E é.

Mas é a realidade, e não acontece por acaso.

Na nossa terra, os eleitos do Partido Comunista atraiçoam todos os dias o seu Partido, porque aqui o Partido Comunista, enquanto tal, não funciona ou funciona muitíssimo mal.

Quem o defende aqui na Moita, cegamente, são 4 tipos de gente:

1. Os seus inimigos de sempre, mas aqui grandes interessados na especulação e no enriquecimento estapafúrdio à custa da mudança do Solo Rural, em Reserva Agrícola e em Reserva Ecológica, para deixar de o ser e passar a solo urbano, já sem RAN nem REN;

2. Os seus dirigentes locais, quer na organização do Partido, quer à testa da Câmara, que estão embrenhados até ao tutano nessa política, vá-se lá descobrir por mor de quem ou do quê;

3. Uma corte de gente séria que se habituou muitas vezes e ao longo dos anos, e com razão, a olhar o prestígio, a cultura, a história e os exemplos de coragem e de luta do Partido Comunista ao longo de décadas, e que daí conclui com complicadíssimo automatismo que o que vem do PCP é sempre bom e merece sempre cega aprovação, sem mesmo precisar de maior avaliação;

4. Uma direcção regional e uma direcção nacional que, confrontadas com alertas e avisos amistosos e recorrentes, se bem que críticos e frontais, correm em frente fugindo da verdade e se enrolam na defesa do poder pelo poder. Agem quais bichos-de-conta encarquilhados, enroscados numa ilusão de exercício de poder de “faz de conta que é próprio do PCP, só porque em nome do PCP é alegadamente praticado”.

Oh, miséria das misérias, com 4 pernas de sustentação assim, o Partido Comunista na Moita bem pode ir somando vitórias até à sua derrocada final.

E bem pode continuar alegremente a iludir-se, pensando que os ataques lhe surgem dos opositores, quando bem neles poderia vislumbrar, quem sabe, muitas vezes opinião se não já de admiradores, pelo menos de Mulheres e Homens simplesmente de si respeitadores.

Mas que não se enganem, nem ninguém nem o PCP.

Face à sua política e a um mau governo, tragam eles a chancela que trouxerem, venham embrulhados nas cores que vierem, não vale a pena alimentar ilusão.

A resposta das Cidadãs e dos Cidadãos desta terra é só uma, e será sempre uma só.

Contra más práticas de governação, inflexível oposição.


[1] No 2º parágrafo do ponto nº 2 do Capítulo “As conquistas de Abril no futuro democrático de Portugal”, in Programa do PCP

[3] No final do 2º parágrafo do ponto nº 3 do Capítulo “O processo contra-revolucionário”, in Programa do PCP

[4] Corpo do ponto nº 1 da “Introdução”, in Programa do PCP

[5] Final do 3º Parágrafo do ponto nº 1 do Capítulo “As conquistas de Abril no futuro democrático de Portugal”, in Programa do PCP

[6] Parte final do ponto nº 9 do Capítulo “Portugal: uma democracia avançada no limiar do século XXI”, in Programa do PCP

[7] Parte final do ponto nº 1 da “Introdução”, in Programa do PCP

por antónio silva ângelo


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Neste espaço surgirão artigos e notícias de fundo, pautadas por um propósito: o respeito pela Lei, a luta contra a escuridão. O âmbito e as preocupações serão globais. A intervenção pretende ser local. Por isso, muito se dirá sobre outras partes, outros problemas e preocupações. Contudo, parte mais significativa dos temas terá muito a ver com a Moita, e a vida pública nesta terra. A razão é uma: a origem deste Blog prende-se com a resistência das gentes da Várzea da Moita contra os desmandos do Projecto de Revisão do PDM e contra as tropelias do Processo da sua Revisão, de 1996 até ao presente (2008...) Para nos contactar, escreva para varzeamoita@gmail.com