Será um sinal de força o recurso à restrição das liberdades e à mordaça na boca dos Cidadãos?
Aparentemente, sim. É uma manifestação de força.
Realmente, só manda calar o Povo quem tem poder para cortar a liberdade de expressão das Cidadãs e dos Cidadãos.
Por isso, parece ser uma manifestação de força, de poder, de autoridade.
Realmente parece.
Além disso, mandar calar o Povo vem geralmente associado a outras medidas de repressão e de punição, pois o Povo não sói calar-se de bom grado e logo às primeiras. São elas as ordens do tipo “Chamem a Polícia”, “instaure-se um Processo Judicial contra os contestatários”.
Leia-se por exemplo o que se escreve na Moita sobre a participação dos Cidadãos (base da soberania popular, inscrita na Constituição, Artº 2º) na Assembleia Municipal:
“A nenhum cidadão é permitido, sob qualquer pretexto, intrometer-se nas discussões e aplaudir ou reprovar as opiniões emitidas, as votações feitas e as deliberações tomadas, sob pena se sujeição à aplicação de coima de 100 € até 500 € pelo juíz da comarca, sob participação do Presidente da Assembleia e sem prejuízo da faculdade ao mesmo atribuída de, em caso de quebra da disciplina ou da ordem, mandar sair do local da reunião o prevaricador, sob pena de desobediência nos termos da lei penal.”
Por isso também, parece ser uma manifestação de força, de poder, de autoridade, esse tal recurso à restrição das liberdades e à mordaça na boca dos Cidadãos.
Realmente parece.
Ainda em abono de tal tese, podemos recordar-nos que os grandes dirigentes da história que mais restringiram as liberdades dos seus povos, e mais exerceram a censura e a mordaça contra os habitantes dos países que tiranizaram, tinham de facto muito poder. Chamassem-se Ivan, Hermenegildo, Garrastazu ou Oliveira, os exemplos são mais que muitos.
Logo, poder-se-ia concluir com aparente segurança:
“Quem limita as liberdades do Povo parece ter de facto um grande poder”
Mas será mesmo assim, de facto, realmente?
Na verdade, as medidas contra as liberdades dos Cidadãos são sempre um estertor dos poderes agonizantes, quando entram na rampa descendente final da perda do “posso, quero e mando”, ou por vezes antes mesmo, quando compreendem que essa derrocada surgirá no momento preciso em que as pessoas perderem o medo e ousarem levantar-se contra o mau governo e os tiranos nele alcandorados.
Por isso, cortar as liberdades parece força, mas não é.
É sinal de fraqueza, é o princípio do fim.
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