JOÃO PEDRO HENRIQUES |
O que é "óbvio" para o ministro dos Negócios Estrangeiros não o é para o presidente da Assembleia da República. E, aparentemente, para o primeiro-ministro também não. Ontem, em Viana do Castelo, à margem da reunião informal dos chefes de governo dos 27, Luís Amado foi questionado sobre se o Governo receberia ou não ou o Dalai Lama, que dia 13 chega a Portugal. "Oficialmente, Dalai Lama não é recebido por responsáveis do Governo português", respondeu. Acrescentando um categórico: "Como é óbvio." Um "óbvio" que não explicou, argumentando apenas com as "razões que são conhecidas". As "razões que são conhecidas" são o facto de a China, potência administrante da "província autónoma" do Tibete, não reconhecer as pretensões do Dalai Lama, líder espiritual dos budistas tibetanos, para a independência do território. O "óbvio" de Amado já não é assim tão óbvio no gabinete do primeiro-ministro. Um assessor de Sócrates disse ao DN que o Dalai Lama lhe pediu uma audiência. E isso "só não aconteceu por razões de agenda" (Sócrates parte para a Ucrânia dia 13, regressa a Portugal no dia 15 só para a 'rentrée' do PS e parte de imediato para os EUA). Também para Jaime Gama, presidente da Assembleia da República, nada há de "óbvio" que o impeça de receber Tenzin Gyatso (o nome "civil" do Dalai). A "audiência a Sua Excelência o Dalai Lama" [assim está anunciada no site do Parlamento] , está marcada para dia 13, às 15h00. No mesmo dia, reunirá com a comissão de Negócios Estrangeiros. A incursão parlamentar do líder tibetano contrasta com a que não ocorreu em 2001, quando o Dalai visitou Portugal pela primeira vez. Almeida Santos, então presidente da AR, não lhe permitiu a entrada no edifício. Os deputados que com ele quiseram reunir promoveram um encontro num hotel. Sampaio, então PR, não o recebeu oficialmente. Mas providenciou-se um encontro informal entre os dois numa visita ao Museu Nacional de Arte Antiga, "guiada" pelo então ministro da Cultura, Augusto Santos Silva. O Dalai Lama deixa Portugal dia 16. |
Sem comentários:
Enviar um comentário