terça-feira, 28 de outubro de 2008

A lenda dos 5 castelos e o segredo do mando que parecia muito forte, de um rei que era tirano e governava ao deus dará e sem norte. (Parte I)



Da esquerda para a direita, pode ver-se: Castelo de Cartas, Castelo na Areia, Castelo no Ar, Castelo em Espanha e Castelo assente nas ondas do Mar.

Alcaide de um castelo de cartas, outra vez, não!

Na areia ou no ar, em Espanha ou assente nas ondas do mar, tampouco, nem pensar.



Mais do mesmo, por favor, outra vez, não!


Não há muitos muitos anos, numa terra não muito distante daqui, era uma vez um rei tirano que reinava sem lei nem escrúpulos, e abusava do povo da terra que herdara dos seus antecessores.

O segredo do seu reinado e da sua força de fazia de conta era fantasticamente simples. Assentava numa linguagem de confrontação contra um imperador que mandava num pequeno império, mais vasto que o reino do nosso rei tirano, e que sobre este tinha mesmo certos direitos de suserano.

E, chamados à guerra verbal contra o imperador, chegavam a ser muitos aqueles que seguiam cegamente o rei, que a este seguiam desavindos com aquele por velhas querelas que não conseguiam esquecer, de entre os poucos que por conjunto ligavam às voltas que o reino dava.

O rei tinha assim muitos de poucos, mas assente naqueles, sobre todos governava afinal, com um poder quase total.

As coisas não corriam contudo ultimamente lá muito de feição para o lado do rei não, sobretudo por causa de umas promessas que havia há anos feito a umas poucas barregãs, negócio do tipo espúrio, a quem prometera por modos muito obscuros favores que não estavam ao seu alcance poder dar, coisas assim do género deste mundo e do outro, em forma de papel passado e tudo.

Promessas que por trocas e beldrocas foram um belo dia parar às mãos de um grupo de aldeões dos campos ao redor, e que por isso muito amotinados desde há anos sem remédio passaram a andar, incendiando cada vez mais os ânimos de outras largas camadas do povo de todo o reino.



Acontece que naquele reino era costume organizar-se de tempos a tempos um certo tipo de torneios, com batalhas quase reais a sério e tudo, das quais até poderia acontecer que o rei, se perdesse os pleitos, perdesse ele o mando e com ele o próprio reino.



Só que há muito que não perdia, pois os seus principais rivais em tais torneios sempre usavam uma mesma e velha táctica, que era a de cada um por si e todos com muito pouca fé em deus, em manobras dispersas que eram a de um se apresentar à contenda como Alcaide de um Castelo de Cartas, outro de um Castelo na Areia, e outro ainda de um Castelo no Ar.

Também os havia que eram Alcaides de outros Castelos, um em Espanha e outro assente sobre as ondas do mar.

Todos eles antes apostados muitas vezes mais na conquista de louros cada um para o seu castelo, do que propriamente na defesa a sério de uma alternativa eficaz ao rei ditador, e na libertação do seu povo e no pôr termo à sua dor.

Era assim um pouco como se valesse mais uma miragem vã, do que a procura a sério e efectiva de uma alternativa para a defesa da gente aldeã.


Não se conhecia nessa terra então ainda a táctica que haveria de ganhar barbas noutros tempos e noutros lugares, a saber, o método de todos ao molho, e fé no criador.


E mais.



É que era todo um ror de enganos que levava para tais torneios sempre cada um em mente, cada um com sua teia de ilusão, que era coisa que ao Rei sempre deixava muito contente.

E a todos é claro o Rei sempre dizimava, um por um, tão fácil era a sua tarefa, por mérito alheio, que nunca lhe escapava nenhum.



Um dia, em antevésperas de novo importante e aprazado torneio, começaram a murmurar e a falar até bem alto os aldeões revoltosos que assim não mais a coisa podia ser, que era preciso aproveitar no torneio seguinte a ocasião para de uma vez por todas correr com o vilão.


E que para tal havia um remédio afinal, que era simples e fácil, e seria barato e capaz de dar milhões de alegrias a todo o povo do reino, diziam.

“Dêem-lhe todos à uma e de um golpe só, que o poder do tipo fina-se e o tirano tem de correr daqui para fora", gritavam. E mais acrescentavam que "o momento é agora de o malandro se ir embora!”.



Era essa a voz geral de clamor, pela unidade e contra o ditador.

A voz dos aldeões começou lentamente a ganhar cada vez mais eco, mas o entusiasmo dos tais rivais pela airosa condição própria de Alcaides cada um de seu Castelo (de Cartas, na Areia e no Ar), onde nada nunca ganhavam, mas tudo sempre simulavam, era tão enraizada que a unidade desejada e por que tanto se esperava, nunca mais chegava.

E os aldeões sempre a porfiar, com o torneio já agendado, a verem o tempo a passar, e tudo muito atrasado.

...
(continua)

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