sábado, 9 de fevereiro de 2008

Num país de canalhas, são logo à partida precisos 3 elementos humanos fundamentais e algumas regras práticas


Na foto pode ver-se um canalha (desculpe-me o pobre figurante, coitado, que já morreu) escarranchado em cima do povo, aqui representado por um pobre burro. Visível ainda um ajudante de canalha (mais uma vez, desculpe lá ó Senhorzinho), apeado e com uma mão a controlar o animal, e com os olhos matreiros postos já na sua garupa, à espreita da oportunidade de subir a canalha principal

Damos hoje início à publicação em fascículos de um novo Curso Prático, na esteira do anteriormente divulgado

O n/ Curso Rápido para se fazer fortuna choruda e rápida, à custa do Solo Rural e da actual Reserva Ecológica (REN) foi pensado para a Moita mas ... (Lição nº 1)

Manual Prático para se fazer fortuna choruda e rápida, à custa do Solo Rural e da actual Reserva Ecológica (REN) na Moita. Lição nº 2

Manual Prático para se fazer fortuna choruda e rápida, à custa do Solo Rural e da actual Reserva Ecológica (REN). Lição nº 3 (Caso Prático)

Manual prático para a fundação de raiz de um país de canalhas

Lição nº1

“Quem é quem?” num país de canalhas

e

Traves mestras do sistema de justiça num país acanalhado

Classificação deste documento:

Documento reservado aos próprios e acessível excepcionalmente aos pobres desgraçados vítimas das piores canalhices dos ditos, sob condição de não serem nem cardíacos nem hipersensíveis. De outro modo, correriam sérios riscos ao lerem as linhas abaixo.

Bem, para se poder aspirar à formação de um país de canalhas, são logo à partida precisos 3 elementos humanos fundamentais:

  1. Os canalhas propriamente ditos são essenciais. Sem eles, o país a fundar poderia ser muitas coisas, mas acanalhado não seria com certeza. Dir-se-á que eles são uma necessidade ‘sine qua non’. Contudo, isso não constitui um problema, pois candidatos em geral não faltam. De notar que de entre os canalhas, ainda há subgrupos do tipo os canalhas mandantes ou activos, geralmente canalhas excentricamente extraordinariamente e tresloucadamente poderosos em termos financeiros. Temos depois os canalhas mandados ou passivos, geralmente afectos à governação dos negócios do país ao serviço dos primeiros. Não começam tão ricos como os membros do 1º subgrupo, mas, quando conseguem manter-se na garimpa do animal (isto é no poder, escarranchados a cavalo no povo) o tempo suficiente, terminam geralmente quase tão excêntricos como os primeiros;
  2. Como elemento tampão, fazem igualmente falta os senhores sim-sim, fórmula que em inglês dá pelo termo vulgar de ‘yesman’, os ‘yesmen’. Estes são igualmente fundamentais. Com este grupo há um problema: é um autêntico corredor de passagem, com perda de efectivos continuamente para o campo dos canalhas dirigentes, embora com novas entradas pela base, sempre com novos aspirantes à futura condição importante de canalha, sujeitos a vegetarem num limbo intermédio de suportes calados do sistema;
  3. Finalmente, é preciso para um tal país poder aguentar a legião de canalhas, que se possa assegurar debaixo deles (literalmente, como um tapete debaixo dos pés de quem o pisa) um batalhão infindável de gente carne para canhão de todo o tipo de canalhices. Já se lhe chamou no passado terceiro estado. São os pobres, os desempregados, os remediados, os trabalhadores e os funcionários da base do sistema, os marginalizados, os idosos pobres, os imigrantes e em geral todos aqueles que não têm nem poder de riqueza, nem de ‘lobby’. São igualmente fundamentais, tanto quanto é essencial um cavalo para que o cavaleiro o possa ser. Importa ainda e sobretudo difundir a ideia que o cavalo não pode apear o cavaleiro, quando muito pode virar montada de outro cavaleiro, por exemplo, em regime de alternância democrática de quem vai a cavalo. O cavalo, ou o burro, esse segue sempre amochando q.b.

Vistos os grupos de gente fundamental, vejamos agora algumas regras práticas pelas quais se há-de reger o país de canalhas, sob o perigoso risco de não o ser, se elas não forem exactamente respeitadas:

  1. Importa absolutamente difundir a ideia que se deve confiar absolutamente na justiça num país de canalhas. Esta regra é basilar. Sem ela, o 3º estado (o batalhão infindável de gente carne para canhão de todo o tipo de canalhices) poderia tomar o freio nos dentes e pôr em causa todo o sistema. Logo, a justiça deve ser apresentada como justa, apesar de, como é sabido, ser tudo, tudinho, menos isso. Qualquer referência a atropelas, desmandos, sacanagens, horrores, arbitrariedades, mortes, genocídios, etc e tal do passado sempre feitos em nome da justiça e das leis de cada momento deve ser abafado, e quando badalado deve ser apresentado acompanhado da frase …”isso era dantes”.
  2. Juntamente com a ideia generalizada da confiança na justiça, deve procurar-se absolutamente torpedear a justiça por todos os modos. Por exemplo, fazê-la funcionar severamente contra o dito 3º estado, com mão pesada e rédea curta, sem dó nem contemplação. Seja a justiça comum, seja a tributária ou outras, todas sem excepção. Com um alerta solene: sempre que alguém tenha a ousadia, o desplante, o arrojo temerário de tentar virar a justiça contra os canalhas, aí alto! Nesse caso ela deve ser morosa, indolente, amiguinha, tolerante e no essencial omissa em termos de investigação, distraída e evasiva na acusação, e sobretudo condescendente no momento de julgar. Recomenda-se, por segurança, que os processos nem cheguem a julgamento, sejam antes arquivados sorrateiramente pelo caminho, não vá correr-se o risco de, por engano ou confusão, algum canalha ainda ir para com os ossos à prisão.

Vistas estas questões fundamentais em termos de Quem é quem? num país de canalhas, e quais as Traves mestras do sistema de justiça em terra acanalhada, estamos prontos para poder passar à Lição nº2 e às que se lhe seguirão.

Mas para isso, teremos de esperar um pouco.

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Neste espaço surgirão artigos e notícias de fundo, pautadas por um propósito: o respeito pela Lei, a luta contra a escuridão. O âmbito e as preocupações serão globais. A intervenção pretende ser local. Por isso, muito se dirá sobre outras partes, outros problemas e preocupações. Contudo, parte mais significativa dos temas terá muito a ver com a Moita, e a vida pública nesta terra. A razão é uma: a origem deste Blog prende-se com a resistência das gentes da Várzea da Moita contra os desmandos do Projecto de Revisão do PDM e contra as tropelias do Processo da sua Revisão, de 1996 até ao presente (2008...) Para nos contactar, escreva para varzeamoita@gmail.com