quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

A grande velocidade, já hoje se encaminha o país para o abismo. Vem aí o TGV, o empurrão que faltava para o descalabro total.


Em alta velocidade para o abismo
Opinião do Professor Paulo Morais, in Jornal de Notícias


O TGV, que se anuncia, é talvez o investimento público mais estúpido de toda a história do nosso país. O enorme espírito de Natal dos portugueses, associado aos seus tradicionais brandos costumes, não chega para tolerar tão enorme disparate.
O TGV não cumpre qualquer regra mínima a que se deve submeter um investimento. Não é nem nunca será economicamente rentável. Não induz efeitos reprodutores positivos, não gera sinergias na actividade económica. E, por fim, não tem a mínima utilidade social.
Sem qualquer sustentabilidade económica, o projecto tem um custo previsto de cerca de 15 mil milhões de euros, valores da ordem de grandeza da colecta anual do IVA ou IRS (a que irão acrescer os crónicos desvios orçamentais das obras públicas). O investimento não é amortizável e, apesar da (pífia) comparticipação de fundos europeus, irá comprometer os impostos de três gerações. Além de que a exploração comercial deste comboio será deficitária, como já o é em todos os países e todas as linhas - com uma única excepção, no Japão.
O TGV também não aportará qualquer efeito positivo à economia nacional. Não serve para transporte de mercadorias, esta sim uma prioridade urgente e sempre adiada. Só de forma muito diminuta servirá o turismo. Nem a agricultura, as pescas ou as indústrias de qualquer tipo beneficiarão da sua existência. Este comboio será usado apenas pela oligarquia lisboeta, nas suas jornadas de vassalagem a Madrid e incursões colonialistas ao Porto.
Por último, o TGV não incorpora benefícios de ordem social. A maioria dos cidadãos nunca utilizará este transporte de ricos, que será pago pelos impostos dos pobres.
Então, para que serve? Para que Portugal não fique arredado das rotas do desenvolvimento, como nos querem fazer crer? Este é o mais falacioso dos argumentos. Se o TGV gera riqueza, então por que razão os países com os mais elevados índices de desenvolvimento humano - a Noruega, a Suécia, a Irlanda, ou até a Austrália e o Canadá - não têm alta velocidade ferroviária?
De facto, este megaprojecto interessa apenas aos construtores, a quem os políticos portugueses devem humilhante obediência. Aos fornecedores de tecnologia, que controlam a burocracia europeia. E aos bancos, que aqui garantem um negócio milionário, cujo risco está coberto por garantias estatais.
A grande velocidade, já hoje se encaminha o país para o abismo. Vem aí o TGV, o empurrão que faltava para o descalabro total.

4 comentários:

AV disse...

É o que no Alhos Vedros ao Poder andamos a dizer desde sempre.

albarquel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
albarquel disse...

É como o magalhães e os portateis e-escola. Não que não seja uma boa ideia, mas não será um pouco 'começar a construir uma casa pelo telhado'? Se não temos uma boa educação, de que serve o acesso à internet? Será que os ajuda, ou distrai com as redes sociais, youtubes e afins?
Depois vemos os miudos que nem uma 'conta' de multiplicar sabem fazer sem recorrer à calculadora. Cada vez mais me convenço que os governantes querem-nos burros, gordos e preguiçosos, e o pensamento crítico cada vez é menos bem-vindo.
Quanto ao TGV, é mais uma vez, 'começar a casa pelo telhado'. É que nem me ocorre uma única justificação que possa ser minimamente plausível, para esta monstruosidade que insistem que vai melhorar o país. Mais vai melhorar o quê? Só se for a conta bancária dos que estiverem envolvidos no projecto.

Renato_Seara disse...

O senhor Paulo Morais não faz é a minima ideia de que para serve o TGV. Depois diz mais de uma dúzia de disparates. Ele que vá ver o efeito do TGV na Andaluzia, por exemplo. Quanto à questão das mercadorias então o desconhecimento é gritante. De facto não não as carrugaens comuns que o fazem, contudo tal como noutros países existem máquinas prontas a usarem as linhas de alta velocidade escoando então os produtos.
Senhor Paulo Morais procure primeiro informar-se acerca do TGV já que penso que o senhor pensa que o TGV é somente o programa apresentado pela Carolina Patrocinio.

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